12 de jul de 2024 às 16:26
A Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCP, na sigla em inglês) pediu esta semana aos cidadãos do país que ajam lenta e cuidadosamente enquanto o país considera legalizar o divórcio civil pela primeira vez na história.
As Filipinas são um dos países mais católicos do mundo, com quase 80% da população composta por católicos praticantes. Junto com o Vaticano, é o único país do mundo onde o divórcio ainda é proibido.
Os legisladores filipinos tentaram legalizar o divórcio no país várias vezes nos últimos anos. A legislação foi aprovada pela Câmara dos Representantes do país em maio e está atualmente sob consideração no Senado.
A CBCP disse ontem (11) em comunicado que as Filipinas são “o último país do mundo que ainda não legalizou o divórcio civil”.
A Igreja “não está em posição de ditar ao Estado o que é melhor para as famílias filipinas”, diz o comunicado. “Sabemos que nossa afirmação persistente de que um casamento genuíno não pode ser dissolvido não é necessariamente compartilhada por todas as religiões, e respeitamos isso”.
“Mas antes de aderir a essa moda, não deveríamos nos perguntar, com base em pesquisas e estatísticas, se a legalização do divórcio em todo o mundo realmente ajudou a proteger o bem comum e o bem-estar da família?”, escreveu.
A CBCP instou o país a aderir ao princípio de “maghunosdili muna tayo at mag-isip-isip”, que significa “vamos manter a calma e nos perguntar” na língua filipina tagalo.
“Pensem nas muitas vezes em que seus pais ficaram nervosos um com o outro e quase ficaram tentados a desistir”, disse a conferência episcopal.
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“Pensem no número de vezes em que seu pai dormiu 'fora do kulambo' (rede contra mosquitos usada ao redor de camas nas Filipinas) ou sua mãe arrumou suas coisas e levou você com ela para a casa dos pais dela, por causa de um mal-entendido entre os dois”, disse.
“Pensem no que poderia ter acontecido há muito tempo com sua própria família se o divórcio civil já estivesse disponível quando vocês eram muito mais jovens e seus pais estivessem passando por sérios problemas no relacionamento”, disse a CBCP.
A declaração reconheceu que “alguns casamentos podem realmente estar além do reparo”, mas ressaltou que crises conjugais são uma parte regular de muitos casamentos de tempos em tempos.
“Temos certeza de que queremos que nossas famílias se tornem parte [dessas] estatísticas sombrias?”, disse a CBCP ao referir-se às altas taxas de divórcio nos países em que ele é legalizado.
“Como líderes espirituais e morais da Igreja, podemos apenas propor, mas nunca impor”, disse a CBCP ao repetir que não busca ditar leis e regras sobre o casamento.
Mas, a conferência episcopal implorou à nação para “ter um pouco mais de tempo e perguntar: poderia haver uma razão pela qual somos praticamente o último país restante no mundo que ainda não optou por legalizar o divórcio civil?”.
Caso seja aprovado, o projeto de lei do divórcio em consideração “daria a oportunidade aos cônjuges em casamentos irremediavelmente fracassados” de garantir “um decreto de divórcio absoluto como um modo alternativo para a dissolução de um casamento irreparavelmente quebrado ou disfuncional”.
Segundo o projeto de lei, o divórcio seria permitido “sob fundamentos limitados e procedimentos judiciais bem definidos” e “concederia aos cônjuges divorciados o direito de casar-se novamente para outra chance de alcançar a felicidade conjugal”.