A cidade de Palermo, na ilha italiana da Sicília, celebra o 400º aniversário da festa de sua padroeira, santa Rosália, conhecida como “la Santuzza”, a santinha, em dialeto siciliano.

A festa celebrada em 15 de julho marca quando a tradição afirma que os restos mortais da jovem eremita foram redescobertos em uma caverna perto de Palermo em 1624. Dizem que sua intercessão, implorada por fiéis que levavam suas relíquias em procissão solene pela cidade governada pelos espanhóis, salvou seus habitantes da peste há 400 anos.

“ ‘Per amore Domini mei’ é a razão dada por santa Rosália para desistir da vida e abandonar as riquezas do mundo”, disse o papa Francisco em mensagem enviada ao arcebispo de Palermo, dom Corrado Lorefice, em 8 de julho.

“A vida do cristão, tanto nos tempos em que nossa Virgem eremita viveu quanto em nossos dias, é constantemente marcada pela cruz”, disse o papa. “Os cristãos são aqueles que sempre amam, mas muitas vezes em circunstâncias em que o amor não é compreendido ou é até mesmo rejeitado”.

Acredita-se que santa Rosália tenha nascido por volta de 1130 em uma família de origem normanda que se gabava de ser descendente de Carlos Magno. Ela viveu cerca de 60 anos depois da conquista normanda de Palermo, que viu a cidade retornar ao cristianismo depois de um período de domínio árabe muçulmano.

Apesar de pertencer a uma família nobre, Rosália renunciou às suas riquezas para viver como eremita em uma caverna no monte Pellegrino, ao norte da cidade.

Segundo a crença popular, santa Rosália foi conduzida à caverna por anjos e escreveu na parede da caverna: “Eu, Rosália, filha de Sinibald, Senhor de [Monte] delle Rose, e Quisquina, tomei a resolução de viver nesta caverna pelo amor de meu Senhor, Jesus Cristo.” Ela morreu na caverna, pobre e sozinha, por volta de 1166, quando tinha apenas cerca de 30 anoss.

O início da construção da catedral de Palermo começou duas décadas depois, em 1185.

Mas os restos mortais da jovem santa só seriam encontrados mais de 400 anos depois, quando, segundo a tradição, Rosália apareceu a um caçador, a quem indicou onde suas relíquias poderiam ser encontradas.

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Os restos mortais de Rosália foram transportados três vezes em procissão por Palermo, como ela havia indicado fazer em sua aparição ao caçador, e a praga que então devastava a cidade cessou.

Desde então, Rosália, “la Santuzza”, é a padroeira de Palermo.

A arquidiocese de Palermo comemora seu dia de festa com uma semana de eventos religiosos e culturais que têm seu ápice no grande final em 15 de julho: uma procissão solene de suas relíquias pelas principais ruas da cidade, seguida de um show de fogos de artifício nas escadarias da catedral.

Mas na noite anterior, em 14 de julho, a cidade participa de um espetáculo menos devocional: um desfile de carros alegóricos coloridos e uma estátua da santa, que vai do palácio dos Normandos, um prédio governamental, até a costa do mar Tirreno.

Para marcar o 400º aniversário da festa, a arquidiocese e a cidade celebram um ano jubilar que terminará no outro dia festivo de santa Rosália, 4 de setembro.

“A feliz ocasião do IV Centenário da descoberta do corpo de Santa Rosália é uma ocasião especial para unir-me espiritualmente a vós, queridos filhos e filhas da Igreja de Palermo, que desejais elevar ao Pai celeste, fonte de toda a graça, o louvor pelo dom de uma figura tão sublime de mulher e 'apóstola', que não hesitou em aceitar as provações da solidão por amor ao seu Senhor", disse o papa Francisco em mensagem na semana passada.

“Com Rosália, mulher de esperança, portanto, eu os exorto: Igreja de Palermo, levante-se! Seja farol de nova esperança, seja Comunidade viva que, regenerada pelo sangue dos Mártires, dá testemunho verdadeiro e luminoso de Cristo, nosso Salvador. Povo de Deus nesta abençoada faixa de terra, não perca a esperança e não se entregue ao desânimo. Redescobri a alegria da maravilha diante da carícia de um Pai que vos chama a Si mesmo e vos conduz pelos caminhos da vida para saborear os frutos da concórdia e da paz”.