Um arcebispo emérito mexicano implora ao papa Francisco para que não proíba a missa tradicional, diante de rumores de que a Santa Sé se prepara para restringir ainda mais a liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II.

O arcebispo emérito de Guadalajara, México, cardeal Juan Sandoval Iñiguez, escreveu a Francisco em carta datada de 6 de julho sobre os “rumores de que há uma intenção definitiva de proibir a missa em latim de São Pio V”. Esses rumores circularam nos últimos meses, embora a Santa Sé não tenha feito nenhum pronunciamento definitivo.

Dom Sandoval escreve na carta que que “a Ceia do Senhor, que ele nos ordenou celebrar em sua memória”, foi “celebrada ao longo da história em vários ritos e línguas, sempre preservando o essencial: celebrar a morte de Cristo e participar da mesa do Pão da Vida Eterna”.

Ainda hoje, a Ceia do Senhor é celebrada em vários ritos e línguas, tanto dentro como fora da Igreja Católica”, escreveu o cardeal.

“Não pode ser errado que a Igreja celebre há quatro séculos a Missa de São Pio V em latim, com uma liturgia rica e devota que naturalmente convida a penetrar no mistério de Deus”, argumentou.

O arcebispo emérito disse que “vários indivíduos e grupos, tanto católicos quanto não católicos, expressaram o desejo de que ela não fosse suprimida, mas preservada”. Um grupo de figuras públicas britânicas pediu à Santa Sé no início do mês que preserve o que descrevem como o “magnífico” artefato cultural da missa em latim.

Dom Sandoval disse que os apelos pela preservação da missa estavam sendo feitos “por causa da riqueza de sua liturgia e em latim, que, junto com o grego, forma a base não apenas da cultura ocidental, mas também de outras partes”.

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“Papa Francisco, não permitas que isso aconteça. Tu também és o guardião da riqueza histórica, cultural e litúrgica da Igreja de Cristo”, escreveu o cardeal.

Dom Sandoval foi ordenado sacerdote em 1957 e foi arcebispo de Guadalajara de 1994 a 2011. Antes disso, ele foi bispo coadjutor de Ciudad Juárez, Chihuahua, e serviu brevemente como seu bispo. Ele foi criado cardeal pelo papa são João Paulo II em 1994.

O cardeal também participou do conclave que elegeu o papa Bento XVI em 2005 e do conclave que elegeu o papa Francisco em 2013.

Em outubro do ano passado o cardeal enviou perguntas ao papa Francisco sobre questões de doutrina e disciplina na Igreja. As “dubia” foram enviadas pouco antes da abertura do Sínodo da Sinodalidade no Vaticano. Embora não tenha proibido a liturgia tradicional, o papa Francisco restringiu significativamente seu uso nos últimos anos com o motu proprio Traditionis custodes, de julho de 2021.

O papa disse ter agido “em defesa da unidade do corpo de Cristo”, sob a alegação de que houve “uso distorcido” da possibilidade dos padres de celebrar a missa segundo o missal romano de 1962.

A Santa Sé proibiu no início do mês a celebração da missa tradicional em latim no santuário de Nossa Senhora de Covadonga, Espanha, um rito que costuma ocorrer no final da peregrinação anual de Nossa Senhora da Cristandade.