18 de jul de 2024 às 09:33
Pesquisadores desenterraram um altar da época das cruzadas na igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, em uma descoberta inesperada que parece saída de uma trama dos filmes de Indiana Jones.
A descoberta, anunciada pela Academia Austríaca de Ciências (ÖAW, na sigla em alemão), oferece uma janela revestida de mármore para a arte cristã medieval e a projeção do poder papal.
Segundo a ÖAW, o altar, consagrado em 1149, tem 3,5 metros de largura, o que faz dele o maior altar medieval conhecido até hoje.
O altar serviu de sentinela silenciosa para inúmeros peregrinos durante séculos antes de desaparecer da memória coletiva em 1808, quando um incêndio devastou a parte românica da igreja.
Ilya Berkovich, historiador do Instituto de Estudos dos Habsburgos e dos Balcãs do ÖAW, e Amit Re'em, da Autoridade de Antiguidades de Israel, encontraram o altar durante uma reforma.
A igreja desperta o interesse de pesquisadores e arqueólogos há muito tempo.
O altar recém-descoberto estava escondido à vista de todos atrás de uma laje de pedra coberta por grafitti que pesa várias toneladas.
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“Que algo tão significativo pudesse permanecer desconhecido por tanto tempo em tal lugar foi uma surpresa completa para todos os envolvidos”, disse Berkovich.
As intrincadas decorações cosmatescas do altar — uma técnica dominada exclusivamente por artesãos na Roma papal — sugerem uma conexão até então desconhecida entre a Cidade Eterna e o Reino Cristão de Jerusalém fundado pelos cruzados.
Esses artesãos criaram padrões e ornamentos geométricos deslumbrantes ao usar fragmentos de mármore frequentemente recuperados de antigos edifícios romanos, disse Berkovich.
“O papa honrou a igreja mais sagrada da cristandade”, disse Berkovich ao sugerir que o envio de um mestre cosmatesco para Jerusalém pelo papa foi um movimento calculado para ressaltar as reivindicações cristãs à Cidade Santa.
A igreja do Santo Sepulcro tem importância primordial para os católicos como o local da crucificação, sepultamento e ressurreição de Cristo. Sua importância como destino de peregrinação perdura há quase dois mil anos, atraindo fiéis de todo o mundo para seus terrenos sagrados.
Segundo pesquisadores, a instalação do altar em 1149 coincidiu com um período de relativa estabilidade na Jerusalém controlada pelos cruzados. O Reino de Jerusalém buscou consolidar sua presença através de grandes projetos de construção e cerimônias religiosas 50 anos depois da primeira cruzada retomar a cidade. A rededicação da igreja do Santo Sepulcro, com esse altar recém-descoberto como sua peça central, marcou um ponto alto na posse dos cruzados na Terra Santa.
Essa redescoberta enriquece a compreensão da arte cristã medieval e ilumina a complexa trama de relações entre Roma e Jerusalém durante a era das cruzadas.
Pesquisadores esperam que investigações mais aprofundadas nos arquivos papais possam revelar mais detalhes sobre a criação do altar e talvez até mesmo identificar os artesãos qualificados por trás dessa obra monumental.