Começam depois de amanhã (26) oficialmente os Jogos Olímpicos Paris 2024. Muitos atletas levam consigo não só na viagem, mas também para as competições, algum objeto símbolo de devoção. Outros têm o costume de começar as disputas ou comemorar vitórias com gestos devocionais, como apontar para o céu ou fazer o sinal da cruz. O exorcista da arquidiocese de Palmas (TO), padre João Paulo Veloso, secretário geral da Secretaria de Língua Portuguesa da Associação Internacional dos Exorcistas, falou com ACI Digital sobre quando esses gestos e simbolismos podem ser vistos como manifestação de fé ou superstição.

“Fazer o sinal da cruz antes de competições não pode ser configurado como superstição, mas sim como demonstração pública da fé do atleta”, disser o sacerdote. “Ele crê que tudo o que faz está sob a Providência Divina e que é conduzido pelo Espírito Santo de Deus; por isso benze-se antes de iniciar uma competição”.

Entretanto, ressaltou “se a pessoa não professa a fé, mas encontra no simbolismo católico uma forma de ‘proteção espiritual’, neste caso ela pode estar sim incorrendo no erro da superstição”.

Segundo o padre Veloso, “a superstição acontece quando a pessoa atribui a objetos ou certas práticas um efeito sobrenatural, como por exemplo: coloque o santo de cabeça para baixo que você conseguirá um esposo; reze o Pai-nosso sete vezes em sete igrejas que seu pedido será atendido; etc.”.

O Catecismo da Igreja Católica diz no parágrafo 2.111: “A superstição é um desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Também pode afetar o culto que prestamos ao verdadeiro Deus: por exemplo, quando atribuímos uma importância de algum modo mágica a certas práticas, aliás legítimas ou necessárias. Atribuir só à materialidade das orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições interiores que exigem, é cair na superstição”.

Trata-se, destacou o padre Veloso, “de um pecado contra o primeiro mandamento (amar a Deus sobre todas as coisas) porque a pessoa passa a crer não em Deus e sua Providência, mas na força de práticas humanas que supostamente moldariam o futuro ou o mundo espiritual a seu favor”.

Atletas brasileiros católicos nas Olimpíadas

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Devota de são Bento, a ciclista Ana Vitória “Tota” Magalhães vai representar o Brasil nas Olimpíadas de Paris, na modalidade do ciclismo de estrada. Em um vídeo publicado no início de julho no Instagram do santuário do Cristo Redentor, a carioca de 22 anos contou que, “desde pequenininha”, leva para pedalar e competir “a medalha de são Bento”.

Ela recordou uma ocasião em que sofreu um acidente e ficou desacordada. “A a única coisa que me lembro do acidente é o policial que me ajudou, segurando a medalha junto comigo e rezando junto comigo. Logo depois, descobri que a mãe dele é super devota e ele carregava o chaveiro de são Bento com ele”, contou.

Pâmela Rosa com a tatuagem de Nossa Senhora Aparecida. Facebook Pâmela Rosa
Pâmela Rosa com a tatuagem de Nossa Senhora Aparecida. Facebook Pâmela Rosa

A skatista Pâmela Rosa será uma das brasileiras na modalidade street nos jogos de Paris. Ela é devota de Nossa Senhora Aparecida e tem uma tatuagem da padroeira do Brasil em seu braço. “Eu sou bem devota. Ela (Nossa Senhora Aparecida) me ajudou muito porque na primeira vez que ganhei os X-Games eu entreguei nas mãos dela e falei que, se eu ganhasse, a minha promessa seria dar o skate para Ela”, contou em 2018 ao site O Dia. “Eu sempre me sinto bem protegida. Sempre que vou competir, peço para que ninguém se machuque”, disse.

Em outubro do ano passado, Pâmela fez uma peregrinação de 94 km a pé, de São José dos Campos (SP) até a basílica de Aparecida.

Segundo o padre Veloso, “o que nos protege verdadeiramente não são símbolos ou gestos, mas a vida na graça de Deus”. “Os símbolos e gestos são, por fim, apenas manifestações externas de uma vida espiritual interna da pessoa”, concluiu.