A Santa Sé deu “sinal verde” aos fenômenos relacionados com o santuário Misericórdia da Santíssima Trindade em Maccio, Itália, onde Gioacchino Genovese teria percebido uma “presença viva do mistério da Santíssima Trindade” desde o ano 2000.

Com base nas novas Normas para proceder no Discernimento de presumidos fenômenos sobrenaturais na Igreja, o Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) confirmou o nihil obstat (nada impede) ao que foi relatado por Genovese, professor de música, casado e pai de duas filhas, que disse ter percebido “visões intelectuais” que deixou por escrito.

Numa carta aprovada pelo papa Francisco e dirigida ao bispo de Como, Itália, dom Oscar Cantoni, o prefeito do DDF, cardeal Víctor Fernández, destaca os elementos positivos desses fenômenos e esclarece alguns aspectos.

O cardeal diz que “não se prevê normalmente uma declaração sobre a sobrenaturalidade dos eventos, mas se abre a possibilidade de encerrar o discernimento a respeito com outros ‘juízos conclusivos’”.

Qual foi a experiência de Gioacchino Genovese?

Gioacchino Genovese, 64 anos, é casado, tem duas filhas, é professor de música e diretor do coro da paróquia de Santa Maria Assunta de Maccio, na comuna de Villa Guardia, na província de Como. Lá, ele teve aparições e revelações há 24 anos.

Quem conhece Genovese o define como uma pessoa reservada, tímida e discreta. Na verdade, ele só falou dos fenômenos com seu pároco e o atual bispo emérito de Como, Itália, dom Diego Coletti.

Desde o ano 2000, o italiano diz ter visto Nossa Senhora e percebido “uma presença viva do mistério da Santíssima Trindade em visões intelectuais”.

Genovese registrou suas experiências em mais de 300 páginas, que foram investigadas em 2010 por uma comissão de estudo composta por seis padres.

Em 28 de novembro do mesmo ano, dom Coletti atribuiu a qualificação de “santuário” à igreja paroquial com a denominação Misericórdia da Santíssima Trindade.

Aspectos positivos

Na carta publicada hoje (24), o cardeal Fernández enumera os elementos positivos desses supostos fenômenos sobrenaturais, ao destacar que “a Trindade é a fonte da misericórdia e a sua perfeita realização”.

“À luz desta convicção, quanto é afirmado diversas vezes sobre a misericórdia de Deus ou de Cristo nos escritos de espiritualidade e no Magistério adquire um forte sentido trinitário”, diz a carta.

A carta também sublinha que a experiência espiritual de Genovese “é alinhada à redescoberta da centralidade da SS. Trindade para a fé e a vida cristã, ocorrida no último século”.

“Nos escritos do sr. Genovese, esta verdade se exprime de modo insistente e a mensagem da Misericórdia que brota do Nós trinitário se mostra cheia de beleza. No Filho de Deus feito homem, desde a sua Encarnação até hoje, manifesta-se para nós o infinito amor da Comunhão trinitária”, continua o cardeal.

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O cardeal também destaca que “a Igreja é chamada a redescobrir sempre mais nos gestos de Cristo aquela infinita misericórdia do Deus uno e trino, que nos escritos do Sr. Genovese é chamado com o nome de ‘Trindade Misericórdia’ ”.

Seguem abaixo elementos do que Gioacchino escreveu sob inspiração:

«A Minha Encarnação é um dom da Misericórdia Trinitária!

A Minha Palavra é um dom da Misericórdia Trinitária!

A Minha Paixão é um DOM da Misericórdia Trinitária!

Mais em

A Minha Ressurreição é um DOM da Misericórdia Trinitária!

Eu sou a Misericórdia!» (49).

Pontos a esclarecer

Sobre os aspectos a esclarecer, o cardeal Fernández refere-se ao termo “Nós” utilizado por Genovese em certas ocasiões para se referir não só ao “plural trinitário”, mas também à Encarnação.

Por isso, o prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé sublinha que “tais expressões não são aceitáveis e deve-se evitar a sua difusão, enquanto podem facilmente ser interpretadas de modo contrário à fé católica”.

“Isto não significa imputar erros ao conjunto dos escritos do Sr. Genovese. Em muitos deles, de fato, sobretudo naqueles sucessivos, encontramos esclarecimentos que nos levam à interpretação correta”, diz o cardeal.

O cardeal Fernández reitera que “não é fácil exprimir-se com precisão sobre o mistério da SS. Trindade; e se isso vale para os grandes teólogos e para o próprio Magistério da Igreja, torna-se ainda mais complexo quando se trata de exprimir em palavras humanas o que foi vivido em uma experiência espiritual”.

Assim, a Santa Sé dá liberdade para que os escritos do vidente sejam divulgados, uma vez que “não contém elementos teológicos ou morais contrários à doutrina da Igreja”.

A carta também pede que sejam evitados os textos que contêm as expressões confusas e reitera que “diversos textos referidos ao demônio devem ser interpretados como expressões de um Deus que jamais esquece a sua criatura amada, também quando essa se afastou livremente e definitivamente dele”.