O I Congresso Nacional dos Exorcistas da Secretaria Linguística Portuguesa da Associação Internacional de Exorcistas (AIE) vai ter lugar entre os dias 29 de julho e 2 de agosto em Florianópolis (SC). “Este congresso era muito esperado. Será a primeira vez que conseguiremos reunir todos os exorcistas do Brasil. Estamos todos na expectativa de nos encontrarmos, partilharmos e vivemos juntos momentos de oração e estudo”, disse à ACI Digital o exorcista da arquidiocese de Florianópolis, padre Pedro Paulo Alexandre, delegado da Secretaria de Língua Portuguesa da AIE.   

A formação é um dos objetivos da associação, que diz no artigo 3 de seu estatuto: “A Associação se propõe como fins específicos: promover a primeira formação de base e a sucessiva formação permanente dos exorcistas; favorecer os encontros entre os exorcistas sobretudo em nível nacional e internacional, para que compartilhem as próprias experiências e reflitam juntos sobre o ministério a eles conferido; favorecer a inserção do ministério do exorcista na dimensão comunitária e na pastoral ordinária da Igreja local; promover o reto conhecimento deste ministério no povo de Deus; promover estudos sobre o exorcismo nos seus aspectos dogmáticos, bíblicos, litúrgicos, históricos, pastorais e espirituais; promover uma colaboração com profissionais especialistas em medicina e psiquiatria que sejam competentes também nas realidades espirituais”.

O ministério do exorcismo

O parágrafo 1.673 do Catecismo da Igreja Católica diz sobre o ministério do exorcismo: “Quando a Igreja exige, publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a influência do maligno e subtraído a seu domínio, fala-se de exorcismo. Jesus o praticou, é dele que a Igreja recebeu o poder e o encargo de exorcizar”.

O padre Pedro Paulo disse que, segundo o Código de Direito Canônico, “para exercer esse ofício” de exorcista, o “bispo diocesano concede a um sacerdote” uma “licença especial e expressa”. Este sacerdote deve ser “dotado de piedade, ciência, prudência e integridade de vida”.

Segundo o subsídio doutrinal 9 da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Exorcismos: Reflexões teológicas e orientações pastorais, “a Igreja sugere que, se possível, em cada diocese se nomeie um presbítero exorcista. Para tanto, é preciso oferecer aos padres que têm as qualidades requeridas para esse ministério, formação teórica e prática adequada. A ausência de exorcistas devidamente nomeados pelos ordinários e preparados para exercer este ofício em favor do povo, permite tanto abusos quanto descasos”.

“Hoje temos no Brasil aproximadamente 40 exorcistas”, disse o padre, ao citar a lista de exorcistas que pode se acessada no site da Secretaria de Língua Portuguesa da AIE.  “Mas, nosso país é imenso, são quase 300 dioceses. Por isso, precisamos rezar muito para que esta porta de misericórdia se abra em mais dioceses”, acrescentou.

As ações dos demônios

O padre Pedro Paulo citou o Ritual de Exorcismos e outras súplicas, ao ressaltar que “a ação prejudicial e contrária do diabo e dos demônios atinge as pessoas, as coisas e os lugares e se manifesta de formas diversas”.

Os demônios, disse, “tentam associar o homem à própria rebelião contra Deus, por induzir o homem ao pecado mortal”.

O parágrafo 1.861 do Catecismo da Igreja Católica diz que o pecado mortal “tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E, se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno”.

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Segundo o exorcista, entre os sinais que podem indicar a presença de distúrbios de origem diabólica estão: “Conhecer línguas desconhecidas da pessoa, bem como fatos ocultos, manifestar uma força acima do normal e ter aversão às coisas sagradas”, além de “ver, ouvir, sentir, cheirar e imaginar coisas inexplicáveis à luz das ciências psicológicas”.

Citou ainda “ter doenças ou distúrbios somáticos inexplicáveis à luz das ciências médicas (cf. Lc 13,11). Acontecimentos estranhos com objetos e animais inexplicáveis à luz da ciência como, por exemplo, coisas que se movem do lugar sozinhas, eletrodomésticos que se acendem e desligam sozinhos, etc.”.

O Congresso Nacional de Exorcistas

O delegado da Secretaria de Língua Portuguesa da AIE disse que “os casos de distúrbios espirituais (infestação, vexação, obsessão e possessão) têm aumentado muito em nosso país”. Por isso, “é urgente voltarmos as Sagradas Escrituras e ao Catecismo da Igreja Católica para entendermos certas realidades muito presentes em nosso tempo”.

“A Santa Igreja não se cansa de nos alertar no Catecismo sobre o perigo que as pessoas correm quando se desviam do culto ao verdadeiro Deus”, disse. “O congresso será uma oportunidade única de nos formarmos com as maiores autoridades em temas tão relevantes”.

Entre os palestrantes do congresso estão o exorcista da diocese de Roma, padre Francesco Bamonte, vice-presidente da Associação Internacional de Exorcistas, e o reitor do Santuário da Madonna di Belvedere, Itália, padre Piermario Burgo, doutor em Direito Canônico, exorcista e membro da AIE, com conferências online. Estarão presentes como palestrantes o padre Pedro Paulo Alexandre, delegado da Secretaria de Língua Portuguesa da AIE; o exorcista da diocese de Petrópolis (RJ), padre Bruno Leonardo dos Santos Magalhães, vice-delegado da Secretaria de Língua Portuguesa da AIE; o exorcista da arquidiocese de Palmas (TO), padre João Paulo Veloso, secretário geral da Secretaria de Língua Portuguesa da AIE.

O congresso terá ainda a presença do arcebispo de Florianópolis, dom Wilson Tadeu Jönck, do bispo auxiliar de Florianópolis, dom Onécimo Alberton, do bispo de Tubarão (SC), dom Adilson Pedro Busin, e do bispo auxiliar do Ordinariado Militar do Brasil, dom José Francisco Falcão.

A programação conta com conferências que vão desde o ministério de exorcismo, o exorcismo nos Evangelhos, no Catecismo, até outros mais específicos como esoterismo, espiritismo, ocultismo.

Durante os cinco dias de congresso também haverá a celebração diária da missa e oração do terço. Haverá ainda uma conferência específica sobre “a espiritualidade do exorcista”.

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“A formação teórica e prática é bem importante, mas antes de tudo está a vida espiritual do exorcista, pois ele precisa estar cheio da graça de Deus para conseguir realizar de maneira eficaz e segura a sua importante e delicada missão”, disse o padre Pedro Paulo.

Além do I Congresso Nacional dos Exorcistas, a AIE vai promover este ano outros eventos de formação, que podem ser conferidos no site da associação. “Teremos a oportunidade de conhecer testemunhos que vários exorcistas com muita experiência, e isso enriquecerá muito a vida espiritual de todos os presentes. Contamos desde já com a oração de todos”, concluiu o padre Pedro Paulo.