1 de ago de 2024 às 12:03
O brasileiro Caio Bonfim, de 33 anos, conquistou hoje (1º) a medalha de prata na marcha atlética, nas Olimpíadas de Paris 2024. Ao ser chamado ao pódio, o marchador fez o mesmo gesto feito pela skatista Rayssa Leal no domingo (28), que significa “Jesus” em língua brasileira de sinais (Libras). A iniciativa vai contra as regras do Comitê Olímpico Internacional COI), que proíbe manifestações religiosas nos jogos e, por isso, é passível de punição.
A Carta Olímpica determina em sua regra 50 que “não é permitido nenhum tipo de manifestação política, religiosa ou racial”.
No domingo, ao ser apresentada antes de entrar na pista, Rayssa Leal disse em libras: “Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida”. Em entrevistas depois da competição, ela disse que fez o gesto porque costuma fazer “em todas as competições” e porque é “cristã”.
Hoje, ao ser chamado ao pódio, Caio Bonfim, que é evangélico como Rayssa, fez o sinal com as mãos que significa “Jesus” e apontou para o céu.
Na premiação de hoje, os atletas receberam apenas a mascote das Olimpíadas, porque a entrega das medalhas acontecerá amanhã (2), no Stade de France, palco das principais competições do atletismo.
Sobre o caso Rayssa Leal, o COI disse em comunicado enviado ao jornal O Estado de São Paulo: “Estivemos em contato com o Comitê Olímpico do Brasil e lembramos a eles das Diretrizes de Expressão do Atleta”. Apesar da notificação, a skatista não foi punida.
Apesar de o COI proibir manifestações religiosas nas Olimpíadas, na cerimônia de abertura dos jogos, na sexta-feira (26), uma cena blasfema reproduziu a Última Ceia com drag queens.
Depois da indignação provocada no mundo inteiro, representantes do comitê organizador disseram que a cena pretendia representar o quadro "O Banquete dos Deuses" do pintor holandês Jan van Bijlert. Mas, os "artistas" que participaram da encenação confirmaram em declarações à imprensa francesa que sua intenção era de fato imitar a pintura de Leonardo Da Vinci da Última Ceia.
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“Deus me segurou”, diz Caio Bonfim
Essa foi a quarta participação de Caio Bonfim nas Olimpíadas e sua primeira medalha olímpica. Depois da competição, Caio disse à Cazé TV que sentiu “a mão de Deus” lhe “segurando e falando: ‘Vamos, cara’”.
Antes de se tornar um atleta medalhista olímpico, Caio Bonfim enfrentou alguns desafios desde sua infância. Em uma publicação em suas redes sociais em janeiro, ele disse que nasceu saudável, mas, aos sete meses, teve meningite bacteriana e ficou 15 dias internado. “Para honra e glória de Deus eu não tive nenhuma sequela”, disse. Quando completou um ano, “misteriosamente” suas pernas “começaram a entortar”. O médico disse que era um caso para cirurgia e que “teria que repetir essa cirurgia constantemente”, porque suas “pernas voltariam a entortar”. “Mal sabia ele dos planos de Deus”, disse.
Bonfim fez a cirurgia e ficou um tempo usando gesso nas pernas. “Por fim, retirei o gesso e pude ter uma vida normal, não precisei fazer outras cirurgias, pois contrariando o prognóstico as pernas não entortaram”, contou.
O menino cresceu, jogou futebol e, aos 16 anos, fez seu primeiro teste para a marcha atlética. Aos 18 anos, “com o corpo adulto”, fez nova avaliação médica. “Chegando ao consultório, contamos ao médico que eu havia me tornado um atleta, ele ficou surpreso, riu e brincou: ‘mas eu não te fiz para ser um atleta, fiz pra ser no máximo jogador de dominó’”, lembrou.
Caio recordou que quando o médico viu o resultado dos exames ficou “maravilhado com os resultados. E, surpreso, disse: É, o milagre realmente foi grande, o seu corpo é totalmente adaptado para o seu esporte”.
“Ao longo desses 17 anos de carreira Deus tem me presenteado com várias bênçãos, medalhas em Jogos Panamericanos, medalhas em campeonatos mundiais, finalista em jogos olímpicos. São inúmeras as minhas vitórias no esporte, mas a mais valiosa é poder espalhar o amor e a bondade de Deus por onde eu for”, disse.