Em carta aberta redigida em termos fortes, cardeais e bispos de todo o mundo pedem ao Comitê Olímpico Internacional (COI) que "repudie" e "peça desculpas" pela "paródia intencionalmente odiosa" da Última Ceia durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024.

Os signatários também “comprometem-se a um dia de oração e jejum em reparação por essa blasfêmia”.

A carta foi assinada por três cardeais e 24 bispos até o momento e afirma: “Com choque, o mundo assistiu à abertura das Olimpíadas de Verão em Paris com uma representação grotesca e blasfema da Última Ceia”.

“É difícil entender como a fé de mais de dois bilhões de pessoas pode ser tão casual e intencionalmente blasfemada”, dizem os bispos, que incluem o prefeito emérito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, cardeal Raymond Leo Burke; o arcebispo de Durban, África do Sul, cardeal Wilfrid Fox Napier; e o arcebispo de Adis Abeba, Etiópia, cardeal Berhaneyesus Demerew Souraphiel.

Embora 15 dos 24 signatários sejam dos EUA — como o arcebispo de Denver, dom Samuel Aquila ; o arcebispo emérito da Filadélfia, dom Charles Chaput; o arcebispo de São Francisco, dom Salvatore Cordileone; o arcebispo de Lincoln, Nebraska, dom James Conley; e o arcebispo de Crookston, Minnesota, dom Andrew Cozzens — bispos da Argentina, França, Gana, Líbano, Nigéria, Peru e Reino Unido também assinaram a carta.

Os bispos exigem que o COI “repudie essa ação blasfema e peça desculpas a todas as pessoas de fé”, alertando que a exibição “ameaça pessoas de todas as religiões e de nenhuma, pois abre a porta para aqueles com poder fazerem o que quiserem com pessoas de quem não gostam”.

Os organizadores da carta divulgaram um endereço de e-mail — episcopimundi2022@gmail.com — que outros bispos podem usar para adicionar seus nomes ao documento.

Resposta 'condescendente'

A cerimônia de abertura das Olimpíadas na capital francesa em 26 de julho causou indignação global por cenas que incluíam drag queens se divertindo, o que muitos condenaram como uma zombaria da Última Ceia.

A controvérsia aumentou tanto que uma empresa de telefonia móvel e internet dos EUA decidiu retirar sua publicidade das Olimpíadas.

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Em uma primeira resposta ao escândalo, um dia depois da cerimônia, o diretor artístico responsável pela cerimônia, Thomas Jolly, disse à emissora local BFMTV que a cena foi inspirada em um banquete pagão, não na Última Ceia.

“Nunca se encontrará em meu trabalho um desejo de denegrir alguém ou alguma coisa”, disse Jolly, segundo a agência de notícias Reuters.

Um dia depois, a porta-voz das Olimpíadas, Anne Descamps, disse, segundo a Reuters : “Claramente, nunca houve a intenção de mostrar desrespeito a nenhum grupo religioso. [A cerimônia de abertura] tentou celebrar a tolerância da comunidade... Se pessoas se ofenderam, lamentamos muito.”

Pelo menos um importante líder católico rejeitou essa resposta — assim como, em termos inequívocos, outros também o fizeram.

O bispo de Winona-Rochester, Minnesota, EUA, dom Robert Barron, chamou a resposta de “uma obra-prima de duplicidade woke” em vídeo publicado na rede social X em 29 de julho.

“Os cristãos ficaram ofendidos porque era ofensivo e tinha a intenção de ser ofensivo”, disse dom Barron. “Então, por favor, não nos trate com esse comentário condescendente sobre, bem, se você, sabe, sentiu-se mal, sentimos muito por isso”

"Um pedido de desculpas real seria algo como: Isso foi um erro. Nunca deveria ter sido feito, e lamentamos por isso", disse o bispo, acrescentando: "Não acho que os cristãos devam ser apaziguados; acho que devemos continuar levantando nossas vozes".

Dia de oração e jejum

Além do compromisso com um dia de oração e jejum, os signatários da carta “oferecerão o Santo Sacrifício da Missa, no qual a paixão, morte e ressurreição de Cristo se tornam presentes para nós por nossa obediência ao mandamento que ele deu na Última Ceia: Fazei isto em memória de mim”.

“Rezamos para que aqueles que buscam prejudicar os outros com seu poder, e aqueles prejudicados, imitem seu amor abnegado para que a paz, a decência e o respeito mútuo possam ser restaurados no mundo”, diz a carta.

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