O instituto de arte fundado pelo padre Marko Rupnik, acusado de abusos, disse que a arte de ex-jesuíta está sendo submetida à "cultura do cancelamento" por líderes da Igreja e grupos católicos ao redor do mundo pedirem a remoção da arte sacra criada por ele.

“Diante da crescente pressão pela remoção das obras de arte criadas pelo Centro Aletti, nos sentimos obrigados a expressar nossa grande preocupação com a ampla difusão da chamada 'cultura do cancelamento' e de uma forma de pensar que legitima a 'criminalização' da arte”, diz a diretora do Centro Aletti, Maria Campatelli, em carta endereçada aos amigos da instituição.

Na carta, Campatelli diz que o centro passa por um “período de provação” enquanto as alegações de abuso sexual por mais de duas dúzias de mulheres, a maioria ex-freiras, contra Rupnik são investigadas pela Santa Sé.

“A remoção de uma obra de arte nunca deve ser pensada como punição ou cura”, disse Campatelli. “Embora o cuidado pastoral para pessoas que sofrem seja, é claro, necessário, isso não pode se tornar justificativa para a remoção ou cobertura de obras de arte.”

Na carta, Campatelli também diz que Rupnik “sempre negou firmemente, nos fóruns apropriados, ter cometido os abusos descritos por aqueles que o acusam”.

Rupnik enfrentou inúmeras acusações de má conduta sexual desde 2018 e, nos últimos anos, enfrentou repetidas acusações de abuso sexual no passado.

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Durante uma visita a Atlanta, EUA, em junho, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, também expressou reservas sobre a remoção da arte de Rupnik de locais de culto.

No mesmo mês, o arcebispo de Boston, EUA, cardeal Seán O'Malley, presidente da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores da Santa Sé, enviou uma carta aos chefes da Santa Sé expressando esperança de que "a prudência pastoral impediria a exibição de obras de arte de uma forma que pudesse implicar a exoneração ou uma defesa sutil" dos acusados ​​de abuso.

No mês passado, o bispo de Tarbes e Lourdes, França, dom Jean-Marc Micas, emitiu uma declaração e expressou sua opinião pessoal a favor da remoção dos mosaicos de Rupnik afixados na entrada da basílica de Nossa Senhora do Rosário, no santuário de Nossa Senhora de Lourdes.

“Muitas pessoas que foram vítimas de violência sexual e abuso nas mãos do clero de fato expressaram seu sofrimento e a violência que essa exposição agora constitui para elas”, escreveu o bispo na declaração.

No mês passado, os Cavaleiros de Colombo, maior organização de leigos católicos dos EUA, cobriram temporariamente obras de Rupnik no Santuário de São João Paulo II, em Washington, DC, e na sede da organização em New Haven, Connecticut, EUA.

O papa Francisco ordenou que o Dicastério para a Doutrina da Fé iniciasse um processo judicial para investigar as alegações de abuso sexual contra Rupnik depois de suspender o prazo de prescrição do caso em outubro de 2023.