O observador permanente da Santa Sé junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), monsenhor Juan Antonio Cruz, apoiou a posição da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) em relação à crise que atravessa o país: todos os atores políticos devem “dar testemunho da coexistência democrática”.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo governo, declarou o presidente da Venezuela Nicolás Maduro vencedor da eleição do último domingo (28) sem divulgara as atas de votação.

O resultado foi ignorado pela líder da oposição, María Corina Machado, e pelo candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia. Vários países pedem que o órgão eleitoral publique as atas das mesas de votação para que se possa auditar o resultado.

Os protestos, segundo vários meios de comunicação e ativistas, foram violentamente reprimidos pelas agências de segurança do Estado, e já deixaram pelo menos 11 mortos e levaram a centenas de detenções.

“A Santa Sé une-se ao que foi expresso pela Conferência Episcopal Venezuelana em sua declaração, que confirma a vocação democrática do povo venezuelano, demonstrada na participação massiva, ativa e cívica de todos os venezuelanos no processo eleitoral”, disse Cruz em seu discurso.

“A manifestação das diferentes posições e reivindicações deve ser feita com as atitudes pacíficas, de respeito e de tolerância que reinaram até agora”, disse. “A Santa Sé sustenta que só o diálogo e a participação ativa e plena de todos os atores políticos envolvidos neste processo poderão levar à superação da situação atual e dar testemunho da coexistência democrática no país”.

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O que aconteceu na OEA na quarta-feira?

O Conselho Permanente da OEA realizou na quarta-feira (31) uma reunião extraordinária que aprofundou as acusações de ilegitimidade que pesam sobre os resultados do processo eleitoral na Venezuela.

A sessão – que começou com duas horas de atraso – foi convocada para exigir transparência ao governo de Nicolás Maduro, mas uma resolução sobre o tema apresentada pelos membros não foi aprovada por falta de consenso.

Entre as intervenções, destacou-se a do chanceler do Peru, Javier González-Olaechea, que chamou de “covardes” os membros da organização que se abstiveram ou votaram contra a resolução.

“Eles nos repudiam porque não somos coerentes”, disse o diplomata peruano. “O que vai acontecer amanhã? A pressão nas ruas vai aumentar? Haverá mais mortes? Será interpretado politicamente como uma vitória do regime? Dessas mortes, nós 17 que votamos não somos responsáveis. Que cada um na sua consciência assuma a sua responsabilidade”, concluiu.