A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) publicou sua terceira mensagem ao país sobre a crise política gerada pela contestada proclamação de Nicolás Maduro como presidente eleito do país, dez dias depois das eleições presidenciais na Venezuela, realizadas em 28 de julho.

O presidente da Venezuela Nicolás Maduro enfrentou nas urnas o candidato da oposição Edmundo González Urrutia. O Conselho Nacional Eleitoral, órgão responsável pelas eleições, declarou a vitória de Maduro mas não publicou as atas eleitorais. A oposição, liderada por María Corina Machado, que foi proibida de pelo governo de se candidatar, obteve alguns milhares de atas eleitorais e, por meio de uma projeção, afirma que González venceu.

"Reiteramos nosso apelo para respeitar a soberania do povo expressa por meio da votação de 28 de julho. Ignorar a vontade popular é ilegal e eticamente inaceitável", disse a CEV.

Segundo a ONG Provea, que atua na Venezuela, 24 mortes foram registradas desde 29 de julho, quando eclodiram protestos espontâneos em todo o país depois do resultado anunciado pelo órgão eleitoral do país.

"Em pelo menos nove dos assassinatos de manifestantes registrados pela Provea, os grupos de civis armados pró-governo ou coletivos são apontados por testemunhas oculares como possíveis perpetradores dos eventos", disse a organização de defesa dos direitos humanos.

Diante dessa realidade, a CEV exortou a que a defesa da dignidade humana "esteja no centro do compromisso com o bem comum e de toda ordem jurídica". A Igreja no país também rejeitou o uso da violência para reprimir manifestações, pois essa prática é contrária aos direitos mais fundamentais.

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A CEV rejeitou categoricamente "o uso da violência em manifestações públicas, a presença e ação em conjunto com as forças policiais de civis armados como mecanismo para dissuadir o protesto pacífico dos cidadãos, restrições à liberdade de expressão e mobilização, prisões ou buscas arbitrárias, a prisão de pessoas, muitas delas menores de idade, sem o devido processo, o uso da desqualificação, intimidação da população e informação como métodos para enfrentar diferenças de opiniões políticas".

A CEV disse que as forças de segurança do Estado "são chamadas a cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis da República".

"Expressamos nossa proximidade, acompanhamento na dor e a oferta de nossas orações àqueles que choram pelos mortos e feridos, àqueles que vivem a angústia de não saber a localização dos detidos, ou a preocupação constante de serem perseguidos por defender suas convicções e posições políticas", disse a conferência episcopal.

A CEV concluiu essa terceira mensagem ao destacar que os venezuelanos querem viver em paz e democracia, e que o dever das autoridades é "trazer à luz a verdade e a justiça sobre as quais se baseia a convivência social".

"Elevemos nossa oração a Deus pela saúde e bem-estar de todos os venezuelanos", concluiu a CEV.