O governo da Nicarágua expulsou hoje (8) da Manágua o embaixador do Brasil na Nicarágua, Breno Souza da Costa, informou o Ministério das Relações Exteriores (MRE). O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se reuniu na manhã de hoje com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e decidiu seguir o princípio da reciprocidade expulsando a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matu.

Segundo fontes do Itamaraty, há “um certo esfriamento do relacionamento bilateral” entre Brasil e Nicarágua. O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, teria se irritado com as gestões de Lula para libertar o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, que foi preso e condenado a 26 anos de prisão no ano passado.

Em junho daquele ano, Lula disse em uma coletiva de imprensa, em Roma, na Itália, um dia depois de conversar com o papa Francisco, que achava “que a igreja está com um problema na Nicarágua, tem padre, tem bispo que estão presos. E a única coisa que a igreja quer é que a Nicarágua libere o bispo para vir para a Itália”.

Ele disse na época que pretendia “falar com Daniel Ortega” sobre liberar dom Rolando Álvarez, pois não havia razão para “o bispo ficar impedido de exercer a sua função na igreja”.

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“Não existe essa possibilidade. Então, eu vou tentar ajudar”, pontuou Lula.

Recentemente o presidente Lula tentou falar com Ortega. Lula já foi um dos principais aliados de Ortega na América do Sul.

As notícias sobre a expulsão do embaixador brasileiro da Nicarágua ocorreram inicialmente ontem (7), pela imprensa da Nicarágua. Segundo o Itamaraty, duas semanas atrás, houve uma celebração em Manágua pelos 45 anos da Revolução Sandinista, que derrubou o ditador Anastasio Somoza. Ortega era um dos líderes da Frente Sandinista de Libertação Nacional e assumiu o poder naquela época. Ele soma mais de 30 anos não seguidos no poder. O governo nicaraguense convidou todos os embaixadores que atuam no país, mas alguns não foram, inclusive o do Brasil.

Em março de 2023, Lula não assinou carta assinada por 55 países condenando o regime de Ortega na Nicarágua. A carta tinha sido aprovada em uma reunião no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em 3 de março de 2023 e contou com a adesão de governos de esquerda da América Latina como Chile e a Colômbia, além de potências como EUA, Reino Unido e Alemanha.