A vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, disse que sete padres deixaram o país e chegaram "em segurança" ao Vaticano.

"Ontem, quarta-feira, 7 de agosto, sete padres nicaraguenses que partiram da Nicarágua para Roma chegaram em segurança e foram recebidos pela Santa Sé", disse Murillo ontem (8) a meios de comunicação oficiais como o Canal 4 Nicaragua.

Murillo mencionou a questão duas vezes em seu discurso de quase 13 minutos, sem especificar os nomes dos padres.

Murillo é mulher do presidente Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que acumula mais de 30 anos no poder. O governo nicaraguense vem perseguindo a Igreja desde 2018, quando bispos e padres apoiaram manifestações populares contra as condições de vida no país.

Nos últimos dias, desde 26 de julho, nove padres foram presos nas dioceses de Matagalpa, Estelí e Juigalpa, para depois serem detidos no Seminário Interdiocesano Nossa Senhora de Fátima, em Manágua.

Segundo a pesquisadora Martha Patricia Molina, autora do relatório Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?, os sacerdotes detidos pelo regime são: dom Ulises Vega Matamoros, monsenhor Edgar Sacasa Sierra, o padre Víctor Godoy, o padre Jairo Pravia Flores, o padre Marlon Velásquez, o padre Jarvin Torrez e o padre Raúl Villegas, todos da diocese de Matagalpa; o frei Silvio Romero, da diocese de Juigalpa; e o frei Frutos Constantino Valle Salmerón, da diocese de Estelí.

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Segundo o jornal nicaraguense Mosaico, sete dos nove sacerdotes foram retirados do seminário para serem enviados a Roma na quarta-feira (7).

Segundo o mesmo jornal, o paradeiro do padre Villegas é desconhecido, embora se acredite que o padre Valle Salmerón, administrador ad omnia da diocese de Estelí na ausência do administrador apostólico, dom Rolando Álvarez, foi deixado no seminário.

Vatican News, serviço oficial de informações da Santa Sé, diz que os padres que chegaram a Roma são: Víctor Godoy, Jairo Pravia, Silvio Romero, Edgar Sacasa, Harvin Torres, Ulises Vega e Marlon Velázquez.

O Vatican News também informa que esse é o quinto grupo de padres banidos da Nicarágua: em outubro de 2022 e fevereiro de 2023, dois grupos foram exilados nos EUA; enquanto em outubro de 2023 e janeiro de 2024 dois outros grupos partiram para Roma.

Matagalpa é a diocese de dom Rolando Álvarez, bispo que defende os direitos humanos e críticos do regime, que foi condenado a 26 anos de prisão por traição.

Em janeiro último, ele foi deportado para o Vaticano, onde agora vive no exílio.