O arcebispo de Sydney, Austrália, dom Anthony Fisher enviou a causa de canonização da serva de Deus Eileen O'Connor a Roma na última segunda-feira (19), num passo importante no caminho para a possível canonização da segunda santa da Austrália.

O'Connor, que sofria do que hoje é conhecida como doença de Pott e mielite transversa, fez muito durante seus 28 anos de vida, fundando as Enfermeiras dos Pobres de Nossa Senhora, conhecidas como as “irmãs marrons” por causa da cor do hábito que usavam. A congregação era dedicada a cuidar dos pobres que estavam doentes.

Dom Fisher assinou um decreto final em 16 de agosto e enviou documentos sobre O'Connor para o Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé na última segunda-feira (19), segundo o jornal arquidiocesano The Catholic Weekly. Sua causa para a santidade foi aberta em fevereiro de 2020.

Se canonizada, O'Connor será a segunda santa da Austrália. Santa Maria da Cruz MacKillop foi canonizada em 2010 pelo papa Bento XVI.

Eileen O'Connor nasceu em Melbourne em 1892, a mais velha de quatro filhos, de pais católicos irlandeses devotos.

Por causa de um problema na coluna, O'Connor tinha 1,15 m de altura e não conseguiu ficar de pé nem andar durante grande parte da vida.

Ela sofria de tuberculose na coluna, crescimento atrofiado, períodos de cegueira, longos períodos de paralisia e fortes dores nos nervos, além de ter uma condição que hoje é conhecida como mielite transversa, que envolve inflamação da coluna.

Quando seu pai morreu, a família passou por dificuldades financeiras. O padre Edward McGrath, pároco e membro dos missionários do Sagrado Coração, encontrou acomodações para a família.

O'Connor mais tarde trabalhou com McGrath para fundar uma congregação de enfermeiras para cuidar dos pobres e doentes. Ela contou a McGrath que teve uma visão de Maria, que a encorajou a abraçar seu sofrimento pelos outros.

Eles enfrentaram muitos desafios com a congregação inicialmente e foram acusados ​​por um missionário do Sagrado Coração de manter um relacionamento impróprio. Como resultado das alegações, que foram posteriormente refutadas, McGrath enfrentou limitações em seu papel como padre. Sua ordem o ameaçou com expulsão, a menos que ele cessasse o contato com O'Connor. Ele se recusou e viajou para Roma, onde apelou com sucesso de seu caso e foi reintegrado em sua ordem.

Em 1915, O'Connor, com a ajuda de sua enfermeira, viajou para Roma e Londres para apoiar sua causa. Ela foi recebida em audiência pelo papa Bento XV.

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Embora o apelo de McGrath tenha sido bem-sucedido, ele foi impedido de retornar à Austrália por quase três décadas. Ele viajou para a Grã-Bretanha, onde foi capelão do exército britânico na Primeira Guerra Mundial e recebeu a Cruz Militar e uma nomeação para a Cruz Vitória por atos de bravura na guerra.

O'Connor continuou com seu trabalho por conta própria. Ela liderou a congregação, que a chamava de “Pequena Mãe”, até morrer aos 28 anos em 10 de janeiro de 1921, de tuberculose crônica na coluna.

Quando seus restos mortais foram exumados e transferidos para a capela da casa da congregação em 1936, seu corpo foi encontrado incorrupto.

“As Enfermeiras de Nossa Senhora para os Pobres continuam ativas em seu ministério — embora em menor extensão do que antes", disse Carlos López, arquivista das enfermeiras de Nossa Senhora para os Pobres. “As Enfermeiras Marrons fundadas pelas Irmãs, continuam o trabalho das Enfermeiras de Nossa Senhora cuidando dos pobres doentes em suas casas nos subúrbios do centro de Sydney”.

Processo de canonização

O padre Anthony Robbie, da arquidiocese de Sydney e postulador diocesano da causa de O'Connor, viajará com dom Fisher para Roma para apresentar as evidências ao dicastério depois de quatro anos de investigação.

O padre Julian Wellspring supervisionou a causa que começou há cerca de quatro anos, em fevereiro de 2020.

O'Connor foi declarada serva de Deus em 2018.

O caminho para a santidade envolve um processo de três etapas nas quais os indivíduos são declarados sucessivamente veneráveis, beatos e santos.

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Autoridades da Igreja examinam e investigam a vida da pessoa pelo menos cinco anos depois de sua morte, então enviam os resultados ao Dicastério para as Causas dos Santos, onde nove teólogos votarão se a pessoa viveu uma vida de virtudes heroicas. Se o painel concordar, as informações serão revisadas por cardeais e bispos e então levadas ao papa. Com sua aprovação, o Dicastério declarará a pessoa "venerável". No caso de mártires, o título de "beato" é dado automaticamente.

Um venerável é declarado beato quando um milagre atribuído à sua intercessão é confirmado por uma investigação canônica. Um beato pode ser canonizado depois da confirmação de um segundo milagre.