23 de ago de 2024 às 18:12
Maria Milza dos Santos Fonseca, conhecida como Mãezinha no sertão baiano, morreu com fama de santidade reconhecida pelo povo por causa de sua fé, de sua devoção a Nossa Senhora e das curas que fazia pedindo a intercessão de Deus. Como a devoção à Mãezinha continua viva no povo baiano, o bispo de Ruy Barbosa (BA), dom Estevam dos Santos Silva Filho, escreveu uma carta ao prefeito da Congregação da Causa dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, pedindo permissão para criar um Tribunal Diocesano para investigar a vida da Mãezinha do sertão. Se o pedido for aceito, ela se tornará Serva de Deus.
“Apesar de tantos anos após a morte de Maria Milza, a sua memória continua muito viva. São centenas de romeiros aos finais de semana que vão até o povoado de Alagoas, em Itaberaba, na Bahia, para rezar junto ao túmulo dela, fazer pedidos e, sobretudo, vão até lá para agradecer a Deus por alguma graça que receberam por intercessão dela”, diz dom Estevam, segundo o site da CNBB.
“Muitas foram as pessoas que conviveram com Maria Milza, e que não só receberam graças especiais, mas que puderam crescer na fé e serem aconselhadas. Ela tinha sempre uma palavra acertada para os que a procuravam”, continua
“Ela sempre apontou para Nosso Senhor e também para Nossa Senhora” e “foi uma grande catequista e incentivadora do amor à Igreja, ao Papa, aos bispos e aos padres”, diz dom Estevam. “Maria Milza passou para os devotos essa mesma devoção, de uma fé simples, uma fé que faz com que a Palavra de Deus vá se tornando uma presença, uma semente que vai caindo na terra e vai se multiplicando”.
A instauração do Tribunal Diocesano é o primeiro passo para a abertura da causa de canonização. Quando a Congregação para a Causa dos Santos responder ao pedido da diocese, Maria Milza passará a ser proclamada Serva de Deus.
Com o tribunal, a causa terá um postulador que terá a missão de investigar a vida da candidata para verificar o seu testemunho de vida, as virtudes e fama de santidade. O tribunal receberá declarações e testemunhos das pessoas que a conheceram. Também analisará cartas e escritos pessoais.
Comprovando a vida de fé e a vivência de virtudes heroicas, a Santa Sé concede o título de venerável. Depois, com o reconhecimento e comprovação de um milagre ela pode ser beatificada.
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A vida de Maria Milza
Maria Milza dos Santos Fonseca nasceu em 15 de agosto de 1923, no povoado de Alagoas, município de Itaberaba, e morreu em 17 de dezembro de 1993, aos 70 anos.
Ainda na infância, a bondade da menina chamava a atenção dos moradores daquela região. Ela era devota de Nossa Senhora, sempre pedia a sua intercessão para a cura das doenças daqueles que a procuravam. Também dava comida aos famintos. Aos 15 anos aprendeu a fazer remédios caseiros para aliviar ferimentos.
Em 1950, uma linda mulher, vestida de branco, com o manto azul e raios luminosos que desciam das mãos, apareceu para Maria Milza, Ilza Carneiro e Bernadete Cardoso, na “Pedra do Santuário”, no povoado. As duas últimas correram, ficando apenas Maria Milza diante da aparição. A partir de então, o local passou a ser cuidado com ainda mais carinho, e Maria Milza começou a usar somente roupas brancas e véu.
Os fenômenos místicos ganharam mais intensidade quando Maria Milza estava com cerca de 32 anos. Nesse período, ela teve uma locução interior, escutando uma voz que a dizia que, a partir daquele momento, ela curaria cegos e aleijados e conseguiria saber sobre a vida das pessoas.
Mesmo sem compreender o que acontecia, Maria Milza passou a ser um instrumento nas mãos de Deus: enfermos eram curados e paralíticos e cegos que a procuravam voltavam a andar e a enxergar. Isso fez com que a sua fama de santidade se espalhasse ainda mais.