O candidato republicano à vice-presidência dos EUA, JD Vance, confirmou que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, vetaria qualquer lei nacional para proteger a vida de bebês em gestação dias depois de Trump publicar em sua rede social Truth Social que seu governo seria "ótimo para as mulheres e seus direitos reprodutivos".

A declaração vem depois da convenção nacional do Partido Democrata, entre 19 e 22 de agosto, na qual os discursos, incluindo o da agora candidata presidencial Kamala Harris, enfatizaram o aborto como uma questão central nas eleições deste ano.

Vance respondeu em entrevista no sábado (24) ao programa “Meet the Press” da rede de televisão americana NBC se Trump apoiaria uma lei nacional que proibisse o aborto.

“Os democratas disseram esta semana e em outros momentos que Donald Trump, se eleito, imporá uma proibição federal ao aborto. Agora Donald Trump diz que não o fará, mas você pode se comprometer, sentado aqui comigo hoje, que se você e Donald Trump forem eleitos, não imporão uma proibição federal ao aborto?”, perguntou a repórter da NBC Kristen Welker.

“Posso garantir isso totalmente, Kristen; Donald Trump foi o mais claro possível sobre isso”, disse Vance.

Respondendo se Trump bloquearia qualquer lei nacional para proteger a vida de bebês em gestação, seja na 15ª semana de gestação ou na concepção, Vance disse: “Acho que ele faria isso; ele disse isso explicitamente, que faria.”

A declaração de Vance ecoa a mensagem de Trump, que tem sido consistente desde abril, de que ele considera o aborto uma questão dos Estados.

Pouco depois de anunciar sua posição política oficial sobre o aborto no início de abril, Trump respondeu repetidamente a perguntas se assinaria uma proibição nacional ao aborto: "Não". Trump também considerar muitas posições conservadoras sobre o aborto "muito severas" e que o aborto "nunca mais será uma questão federal".

Como senador por Ohio, Vance já foi franco sobre sua posição pró-vida. Mas alguns de seus comentários recentes sobre o aborto, mais notavelmente sua declaração de que ele apoia o acesso à droga abortiva mifepristona, causaram preocupação entre alguns ativistas pró-vida.

O aborto químico agora é responsável por 63% de todos os abortos nos EUA, segundo o Guttmacher Institute.

Vance reiterou na entrevista de sábado (24) a posição de Trump de que as decisões sobre políticas de aborto sejam deixadas para os Estados.

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“Donald Trump, eu acho, deixou sua posição bem clara e explícita: ele quer que essa seja uma decisão estadual; os Estados vão tomar essa decisão eles mesmos”, disse ele.

“Donald Trump quer acabar com essa guerra cultural sobre esse tópico em particular. Se a Califórnia quer ter uma política de aborto diferente de Ohio, então Ohio tem que respeitar a Califórnia e a Califórnia tem que respeitar Ohio”, continuou Vance. “O governo federal deveria estar focado em reduzir os preços dos alimentos, reduzir os preços das moradias... Então, acho que Donald Trump está certo — queremos que o governo federal se concentre nessas grandes questões econômicas e de imigração. Deixe os Estados descobrirem sua própria política de aborto”.

A resposta da comunidade pró-vida foi variada.

Marjorie Dannenfelser, presidente da organização pró-vida Susan B. Anthony Pro-Life America, respondeu pedindo aos pró-vida que se concentrassem na "ameaça urgente de curto prazo" de Harris, que prometeu assinar uma lei nacional pró-aborto.

“A causa é muito maior e mais jovem do que Donald Trump. Ela moldará o Partido Republicano para além deste momento Trump”, disse Dannenfelser. “A ameaça urgente de curto prazo? Harris-Walz e todos os candidatos ao Senado prometendo aborto ilimitado de seis, sete, oito, nove meses como a única opção para as mulheres”.

Respondendo à publicação de Trump sobre “direitos reprodutivos”, Tony Perkins, presidente da organização conservadora Family Research Council, pediu ao ex-presidente que “parasse de cavar” sua própria cova.

O Partido Democrata “tem o monopólio do mercado de aborto”, disse ele. “Trump não está apenas tirando seu próprio apoio, ele vai prejudicar a vasta maioria dos candidatos republicanos que são 100% pró-vida”.

Lila Rose, presidente do grupo pró-vida Live Action, publicou uma declaração muito mais contundente na rede social X.

“Devido à sua posição cada vez mais pró-aborto, [a chapa] Trump/Vance está levando a estratégia de votação no menor dos dois males a uma posição insustentável”, disse Rose. “Sem alguma indicação de que eles trabalharão para tornar nossa nação um lugar mais seguro para crianças ainda não nascidas, eles estão tornando impossível para os eleitores pró-vida apoiá-los”.

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“Eles acham que é 'direito' da Califórnia permitir o aborto até o nascimento, mas se Estados como o Arizona proíbem a maioria dos abortos, eles 'vão longe demais' ”, disse ela, concluindo que “ser menos apaixonado por matar bebês do que Harris/Walz não é suficiente”.