Bom Jesus do Itabapoana (RJ) hoje envia paramentos “inclusive para fora do Brasil”. Graças às religiosas do Instituto Imaculado Coração de Maria e São Miguel Arcanjo, da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, que tem como missão preservar a liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II.

Tudo começou modestamente. “Há muitos anos”, uma irmã do Instituto já fazia esse tipo de trabalho manual, disse à ACI Digital a madre Maria Auxiliadora Lopes de Oliveira. Quando essa irmã recebeu uma herança, as religiosas compraram a primeira máquina de bordar. A partir daí, o trabalho foi crescendo, novas máquinas foram adquiridas ou recebidas de doação e a fábrica CIM Paramentos se estabeleceu.

A maioria das funcionárias da CIM Paramentos são mães, de Bom Jesus do Itabapoana. Davi Corrêa / ACI Digital
A maioria das funcionárias da CIM Paramentos são mães, de Bom Jesus do Itabapoana. Davi Corrêa / ACI Digital

CIM significa Coração Imaculado de Maria. A CIM Paramentos tem como slogan “beleza e dignidade no culto litúrgico”. Trabalham na CIM Paramentos cinco irmãs do Instituto e um grupo de funcionárias. “A maioria das funcionárias são mães aqui de Bom Jesus e temos muito orgulho de poder ajudá-las”, disse madre Auxiliadora.

A reforma litúrgica do missal de Paulo VI, promulgado em 1969, simplificou a paramentação que os padres têm que usar para celebrar missa. A CIM produz paramentos para o rito tradicional e o novo e, segundo a madre, todos são bem detalhados.

Funcionária verifica o bordado dos paramentos. Davi Corrêa / ACI Digital
Funcionária verifica o bordado dos paramentos. Davi Corrêa / ACI Digital

“Sempre falo com quem trabalha lá que aquilo ali é totalmente diferente”, disse a madre Maria Auxiliadora. “Elas não estão fazendo um vestido, uma camisa. Estão fazendo algo que vai para o altar e é para nosso Senhor, então, tem que ser muito bem feito, com muito carinho”.

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As religiosas buscam seguir o exemplo de são João Maria Vianney, que, mesmo usando batinas velhas no dia a dia, na hora da missa usava belos paramentos. “Porque para Deus damos o melhor”, disse a madre.

Terminação dos trabalhos é manual e detalhada. Davi Corrêa / ACI Digital
Terminação dos trabalhos é manual e detalhada. Davi Corrêa / ACI Digital

Uma atenção especial é dada às “terminações dos trabalhos”, porque “é algo muito delicado, muito artesanal”, diz madre Maria Auxiliadora. “Quando finaliza o bordado [na máquina] e vai para as mãos das meninas que trabalham a finalização, é um trabalho muito mais difícil”, acrescentou.

Madre Auxiliadora fala com carinho dos paramentos sobre os quais são aplicados o Imaculado Coração de Maria ou o Sagrado Coração de Jesus. “Os corações são em alto relevo e pregados à mão, tem uma questão muito delicada”, disse. Além disso, “sempre é colocada dentro daquele coração uma intenção e, se o sacerdote não manda [sua intenção] para colocar, a irmã faz a intenção pelo sacerdote e coloca”, contou.

Detalhe do coração na casula. Davi Corrêa / ACI Digital
Detalhe do coração na casula. Davi Corrêa / ACI Digital

Segundo a madre, já há diversos modelos padronizados que a fábrica costuma produzir, “mas os pedidos são bem personalizados, de acordo com que o sacerdote ou o diácono nos solicita”. Atualmente, disse, “a procura é muito grande”, vinda de diversas partes do Brasil e também de outros países.

Esta matéria faz parte de uma série de reportagens sobre a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. A próxima será publicada amanhã, 7 de setembro.