A Nicarágua libertou 135 presos políticos e religiosos depois de pressão internacional, mas muitos críticos do governo do país ainda estão presos como parte da repressão contínua a dissidentes políticos e organizações religiosas.

“Ninguém deve ser preso por exercer pacificamente seus direitos fundamentais de liberdade de expressão, associação e prática de sua religião”, disse ontem (5) Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA.

O Departamento de Estado dos EUA anunciou que entre as pessoas libertadas estavam leigos católicos, 13 indivíduos associados ao grupo evangélico Mountain Gateway, sediado no Texas, EUA, e ativistas de direitos humanos.

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, muitos dos ex-prisioneiros se reassentaram temporariamente “com segurança e voluntariamente” na Guatemala.

“Esses cidadãos nicaraguenses libertados agora terão a oportunidade de solicitar caminhos legais para se instalar nos Estados Unidos ou em outro lugar e começar o processo de reconstrução de suas vidas”, disse o Departamento de Estado dos EUA.

O presidente Daniel Ortega persegue oponentes políticos desde os protestos de 2018 contra seu governo. Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma mais de 20 anos no poder, expulsou religiosas e fechou escolas católicas e veículos de mídia. Ele prendeu dezenas de clérigos, como o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, que foi libertado em janeiro último e exilado no Vaticano junto com padres e seminaristas.

Na semana passada, o regime fechou mais 169 organizações sem fins lucrativos, incluindo organizações católicas e igrejas evangélicas. Na semana passada, o governo também confiscou um fundo de aposentadoria para padres católicos. No mês passado, o regime eliminou isenções fiscais para igrejas católicas e evangélicas.

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“Daniel Ortega, Rosario Murillo e seus associados continuam a violar direitos humanos, sufocar dissidência legítima, prender opositores, confiscar suas propriedades e impedir cidadãos de retornarem ao seu país de origem”, disse o Departamento de Estado dos EUA. “Pedimos a libertação imediata e incondicional de todos os presos políticos e prisioneiros de consciência na Nicarágua.” Rosario Murillo é a mulher de Ortega e vice-presidente do país.

Kristina Hjelkrem, consultora jurídica da organização de defesa jurídica da liberdade religiosa Alliance Defending Freedom International (ADF) na América Latina, disse à CNA, da EWTN News, que “muitas famílias serão reunidas” por causa da libertação mais recente de prisioneiros na Nicarágua. A ADF defendeu os indivíduos afiliados à Mountain Gateway na Justiça.

Hjelkrem disse que o regime frequentemente fabrica acusações contra seus opositores, processando-os por crimes financeiros, como lavagem de dinheiro, ou por crimes recentemente criados, como a “propagação de notícias falsas” ou o “enfraquecimento da integridade nacional”. Efetivamente, ela disse que essa é uma forma de prender pessoas por “falarem contra as violações dos direitos humanos”.

“Uma de suas maiores estratégias é iniciar processos criminais contra igrejas e instituições relacionadas a igrejas por acusações falsas”, disse Hjelkrem.

Hjelkrem disse que o regime tem como alvo qualquer um “que esteja denunciando as irregularidades do governo ou mesmo apenas pregando o Evangelho. O Evangelho representa a dignidade humana e a justiça”.

Segundo Hjelkrem, a pressão internacional de grupos de direitos humanos e Estados soberanos “provou ser eficaz” para garantir a libertação de prisioneiros políticos e religiosos nicaraguenses. Ela encorajou as pessoas a continuarem a “falar contra a censura que os líderes religiosos na Nicarágua estão sofrendo”.

Sullivan pediu ao governo nicaraguense para “cessar imediatamente a prisão e detenção arbitrárias de seus cidadãos por meramente exercerem suas liberdades fundamentais”.