O Papa Francisco pediu aos católicos de Papua Nova Guiné no sábado (7) que continuem seu esforço de levar o Evangelho às comunidades mais marginalizadas e remotas do país.

Em visita ao Santuário de Maria Auxiliadora em Port Moresby, o papa discursou para bispos, padres, diáconos, seminaristas e catequistas de toda Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão.

O papa foi recebido por tribos da Província de Hela, Província Central e muitas das províncias remotas da ilha. A multidão gritava: "Deus é bom o tempo todo. O tempo todo, Deus é bom".

“É uma oportunidade única na vida de ver o papa. Estou muito animada que ele esteja vindo”, disse Gertrude Apisai, uma católica de Nova Irlanda que mora em Port Moresby.

Apisai, que frequentemente vai à missa dominical no santuário mariano, disse que a Igreja Católica em Papua Nova Guiné é “muito espiritual e sempre amigável”.

O cardeal John Ribat, arcebispo de Port Moresby e primeiro cardeal do país, cumprimentou o papa quando ele chegou ao santuário administrado por missionários salesianos.

“Dou-lhe calorosas boas-vindas a este amado país”, disse o bispo de Bereina, dom Otto Separy, presidente da conferência dos bispos de Papua Nova Guiné, a Francisco. “É uma terra linda com 800 línguas e culturas diferentes e milhares de tribos”.

Em seu discurso, o Papa Francisco deu crédito aos missionários que chegaram a Papua-Nova Guiné no século XIX, reconhecendo sua perseverança diante dos fracassos e desafios iniciais.

“Os missionários chegaram a este país em meados do século XIX, e os primeiros passos de seu ministério não foram fáceis”, disse o papa. “De fato, algumas tentativas falharam. No entanto, eles não desistiram”.

“Com grande fé, zelo apostólico e muitos sacrifícios, eles continuaram a pregar o Evangelho e a servir seus irmãos e irmãs, recomeçando muitas vezes depois de terem falhado”.

O Papa Francisco elogiou os testemunhos de fé de missionários santos e mártires retratados nos vitrais do santuário, como são Pedro Chanel, o beato Padre John Mazzucconi, o beato Peter To Rot, são João Paulo II, santa Maria McKillop e outros.

Francisco pediu aos católicos presentes no santuário que imitassem os santos, levando Cristo às “periferias deste país”.

“Penso nas pessoas que pertencem aos segmentos mais carentes das populações urbanas, bem como naquelas que vivem nas áreas mais remotas e abandonadas, onde às vezes faltam as necessidades básicas. A Igreja deseja especialmente estar perto desses irmãos e irmãs”, acrescentou.

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No santuário, o papa Francisco ouviu os testemunhos de um padre, um catequista, uma irmã religiosa e uma delegada leiga de Papua-Nova Guiné do Sínodo da Sinodalidade.

Grace Wrakia, mãe solteira de três filhos, participou da assembleia do sínodo no Vaticano em outubro de 2023 e voltará a Roma no mês que vem para a segunda assembleia do Sínodo. Ela disse ao papa Francisco: “Muitas pessoas dizem que a sinodalidade é um modo de vida na Igreja aqui em Papua Nova Guiné. Mas, à medida que continuamos a fundir nosso modo de vida melanésio com outros modos e ideias, corremos o risco de perder essa identidade”.

“O método de conversação usado no sínodo me deu uma voz para compartilhar a beleza melanésia da comunhão e do modo de vida relacional. Nós, em Papua Nova Guiné, deveríamos desenvolver e usar mais desses métodos de conversação para que a sabedoria do tempo, das pessoas simples, possa ser ouvida, respeitada e valorizada”.

O padre Emmanuel Moku, da arquidiocese de Port Moresby, descobriu sua vocação mais tarde na vida e foi ordenado aos 52 anos.

“Quando escolhi o sacerdócio em vez das minhas normas culturais, fui ridicularizado e rejeitado”, disse Moku. “Meu clã espera que um homem se torne pai, trabalhe e alimente seu povo. Como seminarista, eu era visto como infrutífero”.

O padre falou ao papa sobre superar obstáculos para aceitar prontamente uma vocação sacerdotal ou religiosa. “Acredito que meu serviço como padre é minha contribuição para construir o reino de Deus aqui na terra”.

A irmã Lorena Jenal descreveu o desafiador trabalho pastoral com pessoas acusadas de feitiçaria ou bruxaria.

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O papa agradeceu aos palestrantes pelos testemunhos e fez pouco caso das dificuldades técnicas durante seu discurso, gracejando: “Vamos torcer para que o trabalho pastoral funcione melhor do que os microfones”. Ele enfatizou a paciência, a proximidade e a ternura como elementos centrais na divulgação do Evangelho, concluindo com um lembrete para “não esquecer o estilo de Deus”.

“Continuemos, portanto, a evangelizar pacientemente, sem nos deixarmos desanimar por dificuldades ou mal-entendidos, mesmo quando eles surgem em lugares onde especialmente não queremos encontrá-los: na família, por exemplo, como ouvimos”, disse Francisco.

 

No início do dia, o papa visitou a Caritas Technical Secondary School em Port Moresby, onde se encontrou com cerca de 100 crianças e pessoas com deficiência que se beneficiam dos serviços da Catholic Street e da Callan Services, que atendem pessoas com deficiência em Papua-Nova Guiné.

Francisco disse às crianças: “Dar amor, sempre, e acolher de braços abertos o amor que recebemos das pessoas com quem nos importamos: Esta é a coisa mais bela e mais importante em nossa vida, em qualquer condição e para qualquer pessoa... até mesmo para o papa! Nossa alegria não depende de mais nada: Nossa alegria depende do amor!”