O êxodo de cristãos iraquianos de sua terra natal ancestral está mais uma vez nas manchetes. Muitas famílias fogem do país, buscando refúgio em países vizinhos como uma parada temporária antes de seguir para destinos distantes como a Austrália.

Alguns acreditam que essa nova onda migratória começou no final do ano passado depois de um incêndio em Bakhdida, no norte do Iraque. O êxodo agora se tornou alarmante, afetando até mesmo cristãos que vivem na relativamente segura região do Curdistão.

As razões por trás dessa saída em massa vão além da busca por oportunidades de emprego seguras no exterior que garantam uma vida decente. No Iraque, os cristãos enfrentam inúmeras crises, como salários atrasados, falta de energia, escassez de água e outros desafios. Alguns buscam cidadania em outro lugar para garantir um futuro melhor para seus filhos, enquanto outros buscam se reunir com parentes no exterior em vez de permanecer isolados em sua terra natal.

A ativista civil Basma Azuz falou sobre a lógica por trás dessa decisão à ACI Mena, agência em árabe da EWTN News.

“A migração reflete um profundo conflito entre a identidade e a pátria de alguém versus a busca por segurança e direitos”, disse ela. “Nem sempre é um fenômeno negativo ou uma fuga; pode ser a única maneira de garantir um futuro melhor. Esse fenômeno é um direito humano consagrado”.

Azuz atribuiu a migração em curso do Iraque a fatores sociais, econômicos, de segurança e políticos complexos, “além do medo de perseguição contra a Igreja”.

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Para Aziz, “a visita do papa Francisco deu um raio temporário de esperança para os cristãos. No entanto, a piora da situação e a falha do governo em cumprir suas promessas renovaram o desejo dos cristãos de emigrar, especialmente entre os jovens. Eles buscam um futuro melhor longe dos desafios de sua terra natal.”

“Os cristãos veem seu futuro como incerto. Eles veem suas aspirações por segurança, dignidade e direitos básicos como direitos humanos naturais”, disse Aziz.

O ativista civil Dilan Adamat, fundador da organização não-governamental Return, falou sobre os desafios da migração à ACI Mena.

“Como pessoas que vivenciaram a migração e o retorno, entendemos o sofrimento dos imigrantes em seu novo ambiente”, disse Adamat.

“Embora as razões atuais para a emigração sejam compreensíveis — como garantir educação, saúde, direitos e serviços — os cristãos iraquianos enfrentarão grandes desafios em seus novos destinos”, disse ele. “Eles encontrarão dificuldades para se adaptar a novas culturas, ambientes sociais e conceitos de criação de filhos.”

A onda de migração cristã não poupou nenhuma cidade no Iraque, incluindo aquelas na região do Curdistão, dissolvendo a presença cristã até quase a extinção. Estatísticas não-oficiais da fundação Shlama, que se concentra em assuntos cristãos, confirmam que o Iraque perdeu quase 90% de seus cristãos nas últimas duas décadas.