Leyden Rovelo falou sobre o sofrimento de dezenas de milhares de crianças migrantes recém-chegadas aos EUA em palestra na segunda-feira (9) no Congresso Eucarístico Internacional de 2024 em Quito, Equador.

Segundo Rovelo, diretora do ministério hispânico na diocese de Kansas City-St. Joseph, Missouri, EUA, as agências de governo americanas não contabilizaram entre 30 mil e 85 mil desses menores. “Eles não sabem onde estão nossas crianças”, disse ela.

A Igreja e o drama da migração

“A Igreja Católica reconhece inequivocamente a autoridade legítima das nações soberanas para regular suas fronteiras e administrar os fluxos migratórios”, disse ela.

No entanto, essa posição da Igreja “não constitui um endosso de medidas draconianas ou práticas desumanas”, disse Rovelo. “Em vez disso, ressalta o imperativo de defender a dignidade humana durante todo o processo de controle”.

Rovelo, que também é membro do Grupo Consultivo Hispânico do Departamento de Justiça, Paz e Desenvolvimento Humano da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês), falou sobre a declaração da USCCB de 1983 de “que a presença hispano-latina na Igreja americana é uma bênção de Deus para a Igreja e para todo o país”.

Desde 1565, quando a primeira missa no atual território dos EUA foi celebrada em St. Augustine, Flórida, os habitantes do país testemunham como os imigrantes hispânicos “revitalizaram a vida paroquial em todo o país, muitos deles em paróquias cuja população estava envelhecendo”, disse Rovelo.

Ela contou a história de uma mulher que ajudou cuja filha de cinco anos morreu na viagem aos EUA e ela nem lembra em qual país teve que enterrá-la.

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“Esse delicado equilíbrio entre soberania nacional e direitos humanos é a base e a abordagem da Igreja Católica diante do dilema da migração”, disse Rovelo.

O mistério de Deus em tempos de migração

Rovelo falou sobre o fato de que os migrantes são portadores do Evangelho e da imagem de Deus, criados à sua imagem e semelhança. Os migrantes são peregrinos na terra que buscam, como todo mundo, seu destino final no céu, disse ela.

Ela pediu também que as pessoas vissem os migrantes por sua identidade humana, “restaurando nossos corações e mentes”, e não os vissem por meio de rótulos políticos, seu status legal ou fazendo juízos de valor.

“Estamos todos em fuga. Migrantes a caminho de casa. Assim como Cristo é a ponte entre nós e o Pai, nós também somos a ponte entre os migrantes e um lugar melhor”, disse Rovelo.

Por fim, ela falou sobre os esforços da USCCB para aliviar o sofrimento inerente aos processos migratórios, pedindo aos países de origem para que “abordem as causas profundas da migração”, ao mesmo tempo que promovem e fortalecem cada vez mais os seus serviços de apoio aos migrantes e refugiados.

“A Igreja escolheu focar na intenção de 'dar a César o que é de César e dar a Deus o que é de Deus' defendendo o desenvolvimento sustentável, instituições democráticas e políticas que respeitem os direitos humanos e a dignidade humana nos países de origem”, disse ela.

“A Igreja busca criar um ambiente onde as pessoas possam prosperar em seus países de origem, reduzindo assim a compulsão de empreender viagens perigosas”, disse Rovelo.