16 de set de 2024 às 11:00
O arcebispo emérito de Caracas, Venezuela, cardeal Baltazar Porras, encorajou ontem (15) os fiéis a “ir ao encontro da realidade cotidiana” na missa de encerramento do 53° Congresso Eucarístico Internacional, no Parque Bicentenário em Quito, Equador.
“O que estamos fazendo em Quito?”, perguntou o cardeal. “Por que viemos a Quito, para caminhar, para vivenciar alguns dias do Oásis, do Tabor?”.
“Ou estamos dispostos a descer ao encontro da realidade cotidiana com a convicção de que o mundo, teatro da história humana, com as suas lutas, fracassos e vitórias, o mundo que os cristãos acreditam ser fundado e preservado pelo amor do Criador, escravizado sob a escravidão do pecado, mas libertado pelo Cristo crucificado e ressuscitado, que quebrou o poder do diabo para que o mundo seja transformado segundo o propósito divino e alcance a sua consumação, seja o cenário em que temos a obrigação de sermos construtores de esperança que não decepciona?”.
Fraternidade, “um imperativo evangélico”
O cardeal Porras disse em sua homilia que “para os cristãos, a fraternidade não é uma opção que possa ou não ser tomada, é consubstancial à fé cristã”, e é também “um imperativo evangélico”.
“Experimentamos isso diariamente nos nossos santuários, nas peregrinações, procissões e celebrações, no serviço abnegado aos necessitados”, disse o cardeal. Segundo ele, isso também pode ser visto “na generosidade de dar a partir da nossa pobreza, tanto materialmente como em cordialidade, acompanhamento e assistência aos mais fracos”.
“A fraternidade cristã deriva do fato de que o Filho Eterno de Deus não só se tornou um ser humano, mas precisamente o Irmão Universal”, disse o arcebispo emérito.
“Mas como o amor não é unilateral, é necessário também o nosso sim, que aceitemos a irmandade de Jesus e que nos tornemos irmãos de todos, não expulsando ninguém do nosso coração, mesmo que nos façam o que nos fere ou nos machuca”.
“O descaso ou o abandono desse mandato de fraternidade é a principal causa das injustiças e dos flagelos que a humanidade sofre”, disse o cardeal Porras.
“A Eucaristia não é uma simples memória”
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O cardeal também disse que “a Eucaristia não é uma simples memória”, mas “é o memorial, atualizando na simplicidade e na pequenez de um pedaço de pão e de um pouco de vinho o bom sabor que nos atrai e seduz”.
“A Eucaristia elimina em nós a fome de coisas e desperta o desejo de servir”, disse o arcebispo emérito ao falar que “ela nos tira do nosso confortável estilo de vida sedentário e nos lembra de que não somos apenas bocas para alimentar, mas também mãos para alimentar os nossos vizinhos”.
O cardeal disse que “um campo de particular necessidade” no mundo de hoje é “a tragédia global representada pelas migrações massivas forçadas pela privação econômica, pela repressão política, pela discriminação étnica ou cultural, pelo terrorismo ideológico e pela perseguição religiosa”.
O arcebispo emérito também incentivou o cuidado da “casa comum”, que disse ser especialmente urgente na “América Latina, um continente devastado pela exploração irracional da natureza” em que “a dimensão ecológica adquire cidadania de virtude para ser construída”.
"Tarefa cumprida"
O arcebispo de Quito e primaz do Equador, dom Alfredo José Espinoza Mateus, disse que em setembro de 2021 recebeu “o bastão” do Congresso Eucarístico Internacional.
“Eu disse, entusiasmado: 'Não sei no que nos metemos'. Hoje posso dizer que sei onde nos metemos”, disse dom Espinoza.
“Hoje podemos dizer, com grande alegria, à Igreja universal, à Conferência Episcopal do Equador, ao Santo Padre, ao povo equatoriano, à cidade de Quito: tarefa cumprida, cumprimos a tarefa e acredite, todos nós vamos respirar um pouco”, disse o cardeal.
Depois de agradecer às autoridades eclesiásticas e civis, o arcebispo anunciou que como “compromisso social” depois do Congresso Eucarístico Internacional, será criada “uma rede para fortalecer a rede de cozinhas comunitárias paroquiais, para crianças e idosos, para os mais pobres, e essa rede vai se chamar Pão da Fraternidade”.