18 de set de 2024 às 10:28
Como é habitual depois de cada viagem apostólica, o papa Francisco dedicou a audiência geral de hoje à reflexão sobre a sua viagem a Ásia e Oceania.
De 2 a 11 de setembro, o papa visitou a Indonésia, Papua Nova-Guiné, Timor-Leste e Singapura, realizando a viagem mais longa do seu pontificado.
O papa Francisco chegou hoje (18) à Praça São Pedro no papamóvel e cumprimentou os fiéis presentes, parando para beijar várias crianças pequenas.
Um anúncio de casamento
Antes de começar, o papa Francisco apresentou ao público dois “suicidas”, um homem e uma mulher que ficaram encarregados de fazer as leituras anteriores e vão se casar no sábado (21).
Depois de pedir aplausos para eles, Francisco destacou que “é bom ver quando o amor nos leva adiante para formar uma nova família e por isso quis presentear esses dois, para agradecer ao Senhor”.
No início da sua reflexão, o papa disse que a sua viagem é “apostólica” e não “de turismo”, pois a faz para dar a conhecer a Palavra de Deus e ao mesmo tempo conhecer “a alma dos povos”.
Francisco disse que nesta recente viagem quis seguir o exemplo de são Paulo VI, que visitou as Filipinas e a Austrália em 1970.
“Agradeço ao Senhor, que me permitiu fazer como velho papa o que eu queria ter feito como jovem jesuíta, porque eu queria ir em missão para lá”, disse o papa.
“A Igreja é muito maior que Roma e a Europa”
Francisco disse que, quando pensamos na Igreja, ainda somos demasiado “eurocêntricos” ou também “ocidentais”.
Na realidade, disse o papa, “a Igreja é muito maior”, mais do que a Europa ou Roma, e também é “mais viva”.
“Experimentei-o de uma forma emocionante, encontrando-me com aquelas comunidades, ouvindo os testemunhos de sacerdotes, religiosas, leigos, especialmente catequistas - os catequistas são aqueles que levam para a frente a evangelização -, Igrejas que não fazem proselitismo, mas que crescem por ‘atração’”.
Na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo, o papa encontrou “uma Igreja vibrante, dinâmica, capaz de viver e transmitir o Evangelho”.
“Nesse contexto, tive a confirmação de como a compaixão é o caminho pelo qual os cristãos podem e devem caminhar para testemunhar Cristo Salvador e, ao mesmo tempo, ir ao encontro das grandes tradições religiosas e culturais”, disse Francisco.
O papa disse que ali viu “que a fraternidade é o futuro, é a resposta à anticivilidade, às tramas diabólicas do ódio e da guerra, até mesmo do sectarismo”.
A beleza de uma Igreja missionária
Na Papua Nova-Guiné, segunda parada da viagem mais longa do seu pontificado, encontrou “a beleza de uma Igreja missionária, em saída”.
“Ali, os diferentes grupos étnicos falam mais de oitocentas línguas: um ambiente ideal para o Espírito Santo, que gosta de fazer ressoar a mensagem do Amor na sinfonia das linguagens”, disse o papa. Ele acrescentou que o Espírito Santo é o “chefe da harmonia”.
“Alegrou-me o coração poder estar um pouco com os missionários e catequistas de hoje; e comoveu-me ouvir os cânticos e a música dos jovens: neles vi um futuro novo, sem violências tribais, sem dependências, sem colonialismos ideológicos e econômicos”, disse Francisco.
O papa disse que Papua Nova-Guiné pode ser um “laboratório” deste modelo de desenvolvimento integral, animado pelo “fermento” do Evangelho.
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Francisco também falou sobre a coragem dos missionários em Vanimo, que vão à floresta em busca das tribos mais escondidas e disse que “a fé deve ser inculturada e as culturas devem ser evangelizadas. Fé e cultura”.
“Nunca esquecerei o sorriso das crianças”
Sobre Timor-Leste, o papa disse que o país tem “um povo provado mas alegre, um povo sábio no sofrimento”.
“Um povo que não só gera muitas crianças - era um mar de crianças, tantas! - mas ensina-as a sorrir. Nunca esquecerei o sorriso das crianças daquela pátria, daquela região. Sorriem sempre as crianças ali, e são muitas”, disse Francisco.
O papa disse que viu ali “a juventude da Igreja: famílias, crianças, jovens, muitos seminaristas e aspirantes à vida consagrada".
“Gostaria de dizer, sem exagerar, que respirei ‘ar de primavera’”, disse Francisco.
Uma esperança maior que as vantagens econômicas
A última etapa da viagem foi Singapura, que é, segundo o papa, “um país muito diferente dos outros três”.
“Ali, os cristãos são uma minoria, mas constituem, no entanto, uma Igreja viva, empenhada em gerar harmonia e fraternidade entre as diferentes etnias, culturas e religiões”, disse Francisco.
Para o papa, mesmo na rica Singapura há “pequeninos” que seguem o Evangelho e se tornam sal e luz, “testemunhas de uma esperança maior do que a que as vantagens econômicas podem garantir”.
Por fim, Francisco agradeceu a essas pessoas por o terem acolhido “com tanto calor, com tanto amor” e aos seus governantes e autoridades.
“Dou graças a Deus pela dádiva desta viagem! E renovo o meu reconhecimento a todos, a todas essas pessoas. Deus abençoe os povos que encontrei e os guie no caminho da paz e da fraternidade”, disse o papa ao concluir.
Pesar pelas vítimas das enchentes na Europa
Em seguida, Francisco lamentou as chuvas torrenciais e as vítimas causadas pelas inundações na Áustria, Romênia, República Tcheca e Polônia.
O papa disse estar próximo aos familiares das vítimas, rezar pelos que morreram e agradeceu aos voluntários por seu trabalho.
Dia Mundial do Alzheimer
Francisco também disse que no sábado (21), será celebrado o Dia Mundial do Alzheimer.
“Rezemos para que a ciência médica possa, em breve, oferecer perspectivas de cura para esta doença e para que intervenções adequadas sejam cada vez mais implementadas em apoio aos doentes e suas famílias”, disse o papa.
Oração pelo fim das guerras
No final da audiência, Francisco pediu paz no mundo e o fim dos conflitos. Ele disse que “a guerra é uma derrota” e exortou os fiéis a não esquecer “a Palestina, Israel, a martirizada Ucrânia e Mianmar”.
“Que o Senhor dê a todos um coração que busca a paz para derrotar a guerra, que sempre é uma derrota”, concluiu o papa.