19 de set de 2024 às 16:25
A Santa Sé coopera com promotores italianos numa investigação sobre o vazamento de informações financeiras relacionadas a um grande julgamento financeiro da Santa Sé encerrado no ano passado.
A mídia italiana diz que dois homens são investigados por terem obtido acesso não autorizado centenas de vezes a um banco de dados de atividades financeiras suspeitas dividido com a Itália por bancos, o que inclui informações potencialmente comprometedoras sobre políticos italianos e réus no julgamento da Santa Sé.
O banco de dados é usado por promotores e juízes antimáfia em casos de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.
Uma breve nota aos jornalistas da Sala de Imprensa da Santa Sé na terça-feira (17) disse que o promotor de justiça do Vaticano, Alessandro Diddi e o comandante dos gendarmes, Gianluca Gauzzi, se encontraram na terça-feira com o promotor público e o promotor público adjunto de Perugia, Itália.
O promotor público de Perugia tem jurisdição sobre a investigação de crimes cometidos por magistrados e promotores públicos em Roma.
Na reunião, os dois escritórios judiciais concordaram em colaborar numa investigação em andamento sobre “acesso não autorizado a um computador ou sistema telemático”, um crime segundo a lei italiana, para a coleta clandestina de informações sobre indivíduos. Na linguagem italiana comum, a ação é frequentemente chamada de “dossieraggio”.
Não foi divulgado para qual propósito as informações foram coletadas e se isso foi feito em nome de alguém.
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O promotor de Perugia está atrás de um tenente da polícia financeira da Itália, Pasquale Striano, que trabalhava no Escritório Nacional Antimáfia e Antiterrorismo, e de um dos promotores públicos do escritório, Antonio Laudati, por supostamente terem acesso a informações não públicas sobre possivelmente até 172 políticos italianos e outras figuras da mídia.
Striano também é acusado de ser a fonte de reportagens publicadas por dois jornalistas do jornal italiano Domani, que também estão sob investigação por supostamente divulgar informações protegidas, informou o jornal italiano Il Giornale.
Striano e Laudati negaram publicamente as acusações.
Segundo a nota da assessoria de imprensa, o promotor do Vaticano, Diddi, também abriu seu próprio caso sobre os “supostos acessos ilegais [às informações] feitos durante o curso das investigações no conhecido inquérito sobre a compra do edifício de Londres”.
Il Giornale também divulgou em março passado acusações de que, em 2019, Striano teria sido solicitado por uma pessoa desconhecida, possivelmente alguém de dentro da Santa Sé, para obter informações sobre pelo menos cinco pessoas, todas que foram posteriormente acusadas e condenadas no principal julgamento financeiro da Santa Sé, concluído em dezembro de 2023: o cardeal Angelo Becciu, Cecilia Marogna, Raffaele Mincione, Fabrizio Tirabassi e Gianluigi Torzi.
Em 2019, a promotoria do Vaticano estava nos estágios iniciais da investigação sobre o investimento da Secretaria de Estado da Santa Sé em Londres, reunindo seu caso contra os dez indivíduos posteriormente acusados de crimes, incluindo fraude financeira.