A arquidiocese de Natal celebrará a festa dos protomártires do Brasil, também conhecidos como santos mártires de Cunhaú e Uruaçu, padroeiros do Rio Grande do Norte, a partir de domingo (22). A programação segue até 3 de outubro, data da festa litúrgica dos 30 mártires.

A festividade inicia no domingo, às 9h, com a 21ª Moto Romaria, que sairá do santuário dos santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, em Natal, e seguirá até o santuário dos Mártires, em São Gonçalo do Amarante. No dia 3 de outubro, festa dos santos mártires, as celebrações iniciam às 4h, com uma caminhada de Macaíba até o santuário dos Mártires, em São Gonçalo do Amarante. Depois haverá quatro missas pela manhã: às 5h, 7h, 9h e 10h e uma às 12h, celebrada pelo arcebispo emérito de Natal, dom Jaime Vieira Rocha.

Às 15h, terá a oração do terço da misericórdia e, às 16h, a missa solene dos santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, celebrada pelo arcebispo de Natal, dom João Santos Cardoso. Depois da missa, terá um show com o padre Fábio de Melo.

Os santos mártires de Cunhaú e Uruaçu

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Padre André de Soveral, padre Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e seus 27 companheiros, os santos mártires de Cunhaú e Uruaçu, padroeiros do Rio Grande do Norte, foram mortos em dois períodos de 1645, por holandeses calvinistas que iniciaram uma grande perseguição aos católicos da região, restringindo a liberdade de culto deles, pois sabiam que o Rio Grande do Norte começou a ser evangelizado pela fé católica em 1597, através de missionários jesuítas e padres diocesanos vindos de Portugal.

O primeiro massacre aconteceu em 16 de julho de 1645, em Cunhaú, na capela Nossa Senhora da Purificação ou das Velas, dirigida pelo padre André de Soveral.  Neste dia, o sacerdote celebrava a missa na capela quando Jacó Rabe apareceu anunciando importantes comunicações das autoridades governamentais. Logo depois da consagração, um grupo de soldados holandeses, seguido por índios das tribos Tapuias e Potiguari, invadiu a igreja, trancaram as portas e atacaram os fiéis. Com isso, o padre André de Soveral foi obrigado a interromper a missa, mas ainda conseguiu cantar com os fiéis as orações dos moribundos. Quase todos foram mortos à espada, exceto cinco fiéis portugueses que foram feitos reféns. Segundo o Dicastério das Causas dos Santos, dos católicos assassinados, só se conhece o nome do pároco e do leigo Domingo Carvalho.

Padre André de Soveral nasceu por volta de 1572 em São Vicente, na ilha de Santos. Aos 21 anos ingressou na Companhia de Jesus. Ao final dos estudos, foi enviado para Olinda (PE), centro missionário de catequese dos índios de toda a vasta região. A partir de 1607, tornou-se sacerdote diocesano e pároco de Cunhaú. Na época do seu martírio, tinha 73 anos.

O segundo episódio aconteceu em 3 de outubro do mesmo ano em Uruaçu, dentro da paróquia Nossa Senhora da Apresentação, liderada pelo padre Ambrósio Francisco Ferro.   Muitos católicos de Natal estavam com medo do ocorrido em Cunhaú e tentaram se salvar em abrigos improvisados, mas foi em vão, pois foram presos junto com seu pároco, padre Ambrósio Francisco, sendo transferidos para perto de Uruaçu, local onde os esperavam os soldados holandeses e cerca de 200 índios comandados pelo cacique indígena Antonio Paraopaba, convertido ao protestantismo calvinista e que tinha verdadeira aversão aos católicos. Estes fiéis e o seu pároco foram torturados e deixados à morte no meio de mutilações desumanas.

Mais de 80 fiéis católicos foram mortos nestes dois dias de massacres, mas só 30 mártires puderam ser identificados com certeza na lista de católicos para os quais foi iniciada a causa de canonização, relatou o Dicastério das Causas dos Santos.  Os mártires de Cunhaú e Uruaçu foram beatificados pelo papa João Paulo II, em 5 de março de 2000, e canonizados pelo papa Francisco, em 15 de outubro de 2017. A festa litúrgica dos santos mártires de Cunhaú e Uruaçu é celebrada em 3 de outubro.