25 de set de 2024 às 15:37
Os cristãos no sudoeste da Arábia, e especificamente em Áden, cidade portuária no Iêmen, têm uma história profundamente enraizada que remonta ao século IV d.C. Apesar da perseguição ao longo dos séculos, a fé cristã continuou a florescer e se expandir, tornando-se a religião mais difundida em Áden antes do surgimento do islamismo. Desde a ascensão do pensamento religioso extremista, a minoria cristã passa por dificuldades na região.
Badr, católica iemenita nascida na década de 1980 que vive em Áden, falou recentemente sobre a situação dos cristãos na região à ACI Mena, agência em árabe da EWTN News.
Querendo permanecer anônima, ela disse: “Eu não percebi que nós, como cristãos, éramos uma minoria até chegar à escola secundária. Lá, passei por duros desafios relacionados à minha fé e à perda de nossos direitos”.
Ela também disse: “Embora algumas igrejas pequenas tenham se tornado nacionalizadas na década de 1970, os cristãos mantiveram o direito à educação nas escolas e ao emprego em cargos governamentais antes de 1994. As mulheres desfrutavam da liberdade de se vestir [como quisessem] e, no nível religioso, tínhamos permissão para rezar dentro de igrejas que eram isentas de impostos, como as mesquitas. O Estado também deu vistos e status de residência para padres estrangeiros. Ninguém nos pressionava a mudar de religião”.
No entanto, Badr disse que tudo isso mudou quando a Irmandade Muçulmana chegou ao poder. A Irmandade Muçulmana foi fundada nos anos 1920 no Egito.
“Fomos forçadas a usar o hijab”, disse ela à ACI Mena. “O governo nos proibiu oficialmente de celebrar a missa da meia-noite no Natal e na véspera de Ano Novo. Os cristãos aceitaram a situação e não levantaram suas vozes. Alguns migraram, outros mudaram de religião, temendo perder suas casas e empregos. Muitos praticavam sua fé a portas fechadas numa época em que a Igreja não apoiava os jovens nem trabalhava para fortalecer as famílias”.
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Ela continuou: “Depois de 1994, as autoridades tentaram fazer do Iêmen um Estado islâmico. Eles apagaram nossa identidade como cristãos e se recusaram a escrever 'cristão' em documentos. Os cristãos tinham que escrever 'muçulmano' ou deixar um espaço em branco. Eles nos acusaram de ser 'remanescentes do colonialismo britânico' e disseram que 'os EUA nos financiam'. Os professores me pressionaram a mudar de religião e me forçaram a ler o Alcorão diariamente. Quando eu tirava nota máxima em educação islâmica, eles reduziam minhas notas, porque me diziam 'um cristão não pode ser igual a um muçulmano'.”
Badr disse que o período mais crítico para os cristãos em Áden começou com o início da guerra de 2015 e o subsequente fechamento de igrejas.
“Depois de sermos proibidas de rezar, começamos a rezar secretamente no convento das freiras”, disse ela. “Infelizmente, todas as freiras foram mortas posteriormente. O padre foi sequestrado. As igrejas foram roubadas e algumas foram vandalizadas”.
“Em 2018, as autoridades se recusaram a renovar nossos passaportes, a menos que escrevêssemos a palavra 'Islã' na seção de religião do formulário de inscrição, pois nos disseram: 'Não há cristãos no Iêmen' ”.
Badr disse que houve uma melhora na situação dos cristãos: eles foram reconhecidos novamente como cidadãos. Ela pediu que a Igreja buscasse restaurar sua presença em Áden, enviasse padres para lá e reabrisse as igrejas que permanecem fechadas até hoje.