“Podemos dizer que o grande milagre” que a serva de Deus Vitória da Encarnação “realizou foi viver a santidade no dia a dia da vida, por graça de Deus, sempre, mas pelo esforço que ela também vivenciou ao longo da sua vida”, disse ontem (25), o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, cardeal Sergio da Rocha durante o encerramento da fase arquidiocesana da causa de beatificação da serva de Deus Vitória da Encarnação.

A sessão solene ocorreu no convento santa Clara do Desterro, em Salvador, onde a religiosa viveu e morreu com fama de santidade e foi presidida pelo cardeal Sergio da Rocha.

Para dom Sergio, a conclusão desta fase é “muito importante”, porque o primeiro passo “que a Igreja exige é justamente a santidade vivida no dia a dia, as virtudes heroicas”, ressaltando que o Tribunal da causa da serva de Deus não este “comprovando milagres”, mas “procurando conhecer melhor a vida” da religiosa baiana e “os documentos necessários, históricos, para comprovar que ela viveu de maneira santa”.

O postulador da Causa da Serva de Deus, frei Jociel Gomes disse que, “apesar das dificuldades ao longo desse caminho para obter os documentos” da serva de Deus e “devido à escassez de fontes em tantos” arquivos, “a comissão histórica trabalhou bravamente em arquivos tanto” na Bahia “quanto fora, inclusive também em Portugal”, onde encontraram os “registros do pai da madre Vitória querendo encontrar um convento para colocar as suas filhas, a Vitória e a sua irmã, para estudar”.

“Então, toda essa troca de informações, tanto do Brasil quanto de Portugal, foi importante, mas uma grande parte nós pudemos encontrar aqui no arquivo que está com as irmãs no convento do Desterro”, destacou o frade.

Imagem da serva de Deus Vitória da Encarnação no convento santa Clara do Desterro, em Salvador. Sara Gomes / Arquidiocese de Salvador
Imagem da serva de Deus Vitória da Encarnação no convento santa Clara do Desterro, em Salvador. Sara Gomes / Arquidiocese de Salvador

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Para declarar encerrado o inquérito da fase arquidiocesana da causa de beatificação da serva de Deus Vitória da Encarnação, o notário adjunto da causa, dom Sebastião Rolim leu um documento e depois os membros do Tribunal da causa da Serva de Deus, o postulador da causa, frei Jociel Gomes; o delegado episcopal, cônego Alberto Montealegre; o promotor de Justiça, padre Laudimar Oliveira da Silva e os notários adjuntos, dom Sebastião Rolim e irmã Violeta, fizeram um juramento de fidelidade. Depois o cardeal Sergio da Rocha nomeou frei Jociel como portador dos documentos da serva de Deus e este proferiu novamente um juramento de fidelidade.

Segundo o frade, “esse momento representou a coroação de todos os trabalhos realizados” na arquidiocese de Salvador e relatou que, com a conclusão desta fase estará “entregando essa documentação no Dicastério da Causas dos Santos, em Roma” no dia 17 de outubro, às 10 horas, e “ali começará a chamada fase romana, depois será nomeado um relator para acompanhar a elaboração de um documento muito importante, que, a partir dele, as comissões vaticanas irão trabalhar”.

“No futuro, depois de toda a análise dessa documentação, ela será declarada, venerável, ou seja, o papa, em nome de toda a Igreja, vai reconhecer que ela viveu em grau heroico as virtudes cristãs. Quando chegar a esse ponto, será necessário um primeiro milagre, ocorrido por sua intercessão, para que ela seja declarada beata e possa ser venerada aqui na Bahia, no Brasil. E com a beatificação será necessário um segundo milagre para que ela seja declarada santa e possa ter então culto em toda a Igreja”, explicou frei Jociel.

O arcebispo de Salvador enfatizou que agora, a arquidiocese seguirá “com a oração pedindo a beatificação” da serva de Deus Vitória da Encarnação e destacou que, “para pedir a beatificação se pede também graças, milagres para que ela interceda por nós junto a Jesus”.

“Temos a esperança de dar prosseguimento e de poder ver, mais uma vez, uma santa da nossa arquidiocese, da nossa Bahia, nos altares. Madre Vitória é um exemplo de oração, de contemplação, de adoração e, ao mesmo tempo, de caridade. Primeiro, caridade entre as próprias irmãs, isto é, vivência do amor fraterno na comunidade. E depois, acima de tudo, a caridade para com os mais pobres e sofredores, especialmente representados pelas pessoas escravizadas. Madre Vitória soube amar e servir os que mais sofrem, renunciando a muita coisa que ela poderia ter, pessoalmente, em favor dos pobres e sofredores”, relatou o cardeal.

A cerimônia foi encerrada com uma missa, celebrada por dom Sergio da Rocha.