O arcebispo de Yangon, Mianmar, cardeal Charles Maung Bo, e o arcebispo de San Diego, EUA, cardeal Robert McElroy, vão inaugurar no domingo (29) o Instituto Católico para a Não-violência em Roma, no Instituto Maria Santissima Bambina, perto da praça de São Pedro.

O objetivo do instituto é aprofundar “a compreensão católica e o comprometimento com a prática da não-violência do Evangelho”, segundo comunicado à imprensa divulgado ontem (25).

A irmã Teresia Wachira, do Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria, e a pesquisadora Maria Stephan vão liderar a inauguração ao lado dos dois cardeais.

O instituto tem como objetivo “facilitar pesquisas, recursos e experiências sobre não-violência para líderes, comunidades e instituições da Igreja Católica” e tem um conselho consultivo de 21 acadêmicos, pesquisadores e líderes da Igreja.

O conselho vai se concentrar em várias áreas de pesquisa como “não-violência do Evangelho”, que se relaciona à compreensão da não-violência como um “modo de vida”. Ele vai se concentrar em “como a Igreja pode integrar a não-violência do Evangelho em toda a sua vida e trabalho” e também vai falar sobre como a Igreja pode trabalhar com outras religiões para divulgar a prática da não-violência.

Também haverá uma concentração em “práticas não violentas e poder estratégico”, que vai investigar estratégias não violentas para problemas do mundo real. A terceira concentração, “experiências contextuais de não violência”, vai conectar aqueles que viveram a não-violência e falar sobre “estudos de caso de prática não violenta”.

No mês que vem, o instituto vai contribuir para o Sínodo da Sinodalidade deste ano, oferecendo seminários sobre questões de não-violência e legítima autodefesa, e também discutir formação em gestão não violenta de conflitos.

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O conselho consultivo inclui Maria Clara Bingemer, professora de teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); o arcebispo de Suva, Fiji, dom Peter Chong; e Erica Chenoweth, reitora e professora da Universidade de Harvard (EUA).

A inauguração acontece em meio a debates sobre o que constitui uma guerra justa segundo a doutrina da Igreja da guerra justa. O cardeal McElroy disse ao Vatican News, serviço oficial de informações da Santa Sé, na segunda-feira (23) que “as teorias da guerra justa são um elemento secundário no ensinamento católico; o primeiro é que não devemos nos envolver em guerra de forma alguma”.

O Catecismo da Igreja Católica (números 2.308 e 2.309) diz que “cada cidadão e cada governante deve trabalhar no sentido de evitar as guerras”, embora também diga que “não se pode negar aos governos, uma vez esgotados todos os recursos de negociações pacíficas, o direito de legítima defesa”.

O instituto foi criado a partir do projeto Catholic Nonviolence Initiative (Iniciativa Católica de Não Violência) da Pax Christi International. A Pax Christi é um movimento católico de não-violência que busca abordar as causas que são a raiz do conflito violento.

O evento ocorre no mesmo dia da cerimônia do Prêmio Internacional da Paz Pax Christi, concedido a homens e mulheres que lutam pela não-violência desde 1992. A homenageada deste ano é a irmã Gladys Montesinos, missionária carmelita peruana que trabalha com povos indígenas na Amazônia boliviana.

A Pax Christi International vai transmitir a inauguração em seu canal no YouTube.