“Irmãos e irmãs, retomemos este caminho eclesial com o olhar voltado para o mundo”, disse o papa Francisco hoje (2) ao abrir a segunda assembleia do Sínodo da Sinodalidade com uma missa concelebrada por mais de 400 padres, bispos e cardeais na praça de São Pedro, no Vaticano. “Porque a comunidade cristã está sempre ao serviço da humanidade, para anunciar a todos a alegria do Evangelho”.

Durante sua homilia, o papa alertou os delegados do sínodo contra a imposição de suas próprias agendas nas discussões de quase um mês.

“Tenhamos o cuidado de não transformar os nossos contributos em teimosias a defender ou agendas a impor”, disse o papa hoje (2) em sua homilia.

“Caso contrário, acabaremos por nos fechar num diálogo de surdos, onde cada um tenta puxar água ao seu moinho sem ouvir os outros e, sobretudo, sem ouvir a voz do Senhor”, disse Francisco.

A segunda sessão do 16º Sínodo Ordinário dos Bispos, que ocorre entre hoje (2) e 27 de outubro, marca uma fase crítica no processo sinodal global da Igreja, que começou há três anos.

Com base nas discussões na assembleia sinodal de outubro do ano passado, espera-se que os 368 delegados votantes na sessão deste ano produzam um relatório final.

Espera-se que as discussões se concentrem em propostas de instituir um ministério de escuta e acompanhamento, maior envolvimento dos leigos na economia e finanças paroquiais e conselhos paroquiais e conferências episcopais mais poderosos.

A missa de abertura do sínodo começou às 9h30 sob céu parcialmente nublado com uma procissão que incluiu 76 cardeais, 320 bispos, centenas de padres e delegados leigos do sínodo. O papa celebrou a missa da festa dos Anjos da Guarda e falou sobre a importância da escuta e da harmonia em sua homilia.

“Esta não é uma assembleia parlamentar, mas um lugar de escuta em comunhão”, disse Francisco. “Não se trata de maioria ou de minoria. Isto pode ser um primeiro passo, mas o que importa, o que é fundamental é a harmonia, a harmonia que só o Espírito Santo pode fazer”.

“Ele é o mestre da harmonia, que com tantas diferenças, com tantas vozes diferentes, é capaz de criar uma só voz”.

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O formato da assembleia reflete o do ano anterior, com orações diárias, reflexões teológicas e discussões em pequenos grupos organizados por idioma.

A assembleia sinodal é o ápice de um processo global plurianual que envolveu estágios diocesanos, nacionais e continentais. As discussões deste mês devem cobrir uma série de propostas, desde a expansão do papel das mulheres na liderança diocesana até se as conferências episcopais devem ser reconhecidas como “sujeitos eclesiais dotados de autoridade doutrinária”.

Em preparação para a assembleia, os participantes participaram de um retiro de dois dias que terminou com uma vigília penitencial na basílica de São Pedro, na qual pessoas falaram sobre experiências de traumas relacionados a abuso sexual, guerra e indiferença aos migrantes.

Em sua homilia, o papa Francisco usou a palavra “ouvir” ou “escutar” quase doze vezes. O papa encorajou os delegados a receberem “com respeito e atenção, na oração e à luz da Palavra de Deus, a todos os contributos recolhidos ao longo destes três anos de trabalho, partilha, confronto de ideias e paciente esforço de purificação da mente e do coração".

“Trata-se, com a ajuda do Espírito Santo, de escutar e compreender as vozes, ou seja, as ideias, as expectativas, as propostas, para discernir juntos a voz de Deus que fala à Igreja”, disse Francisco.

Num anúncio surpresa no final de sua homilia, o papa Francisco disse que vai pessoalmente à basílica de Santa Maria Maior, em Roma, no domingo (6) para rezar o terço pela paz, na véspera do aniversário de um ano do ataque do grupo terrorista Hamas a Israel.

O papa Francisco também pediu um dia mundial de oração e jejum em 7 de outubro em meio à crescente violência na Terra Santa.

“É necessário fazê-lo, sobretudo nesta hora dramática da nossa história, enquanto os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras”.