4 de out de 2024 às 16:03
O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, criticou o papa Francisco por comentários que o papa fez sobre o aborto na semana passada, ao retornar da Bélgica para Roma. O núncio apostólico na Bélgica e Luxemburgo, monsenhor Franco Coppola, está sendo oficialmente convocado para discutir o assunto.
"É absolutamente inaceitável que um chefe de Estado estrangeiro faça tais declarações sobre a tomada de decisões democráticas em nosso país", disse ontem (3) De Croo.
Na entrevista coletiva no voo de volta da Bélgica em 29 de setembro, o papa Francisco disse: "Relativamente às mulheres, elas têm direito à vida: à sua vida, à vida dos seus filhos." O papa então disse: "O aborto é um homicídio... Assassina-se um ser humano. E os médicos que fazem isso são — permita-me a palavra — sicários... E sobre isso não se pode discutir".
Francisco disse que falava especificamente "apenas do aborto. E isso não se discute. Peço desculpa, mas é a verdade!"
De Croo disse que a Bélgica "não precisa de lições sobre como nossos parlamentares aprovam leis democraticamente ... Felizmente, o tempo em que a Igreja ditava as leis em nosso país já se foi".
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A Bélgica tem uma população de menos de 12 milhões de pessoas e pelo menos 16 mil crianças são mortas no útero todos os anos, segundo dados oficiais. O recorde foi alcançado em 2011, com quase 20 mil mortes por aborto.
O parlamento da Bélgica debate atualmente se o aborto também deve ser legal depois da 12ª semana de gravidez. Há uma proposta de estender o limite para 18 semanas, o que significa que mesmo os nascituros com mais de quatro meses podem ser mortos.
Em sua visita, o papa Francisco descreveu em 28 de setembro as leis que legalizam o aborto como "assassinas" e "criminosas" ao visitar o túmulo do rei belga Balduíno na cripta real da Basílica do Sagrado Coração em Bruxelas, capital do país.
O rei Balduíno recusou-se a assinar uma lei que permitia o aborto na Bélgica em 1990. Ele renunciou por um dia. Depois de promulgada a lei pelo governo. Ele foi reinstaurado como chefe de Estado. O papa Francisco disse que Balduíno decidiu "deixar seu posto de rei para não assinar uma lei homicida".
De Croo é líder de um governo de coalizão composto por sete partidos.