7 de out de 2024 às 15:37
O papa Francisco dirigiu hoje (7) uma carta “com coração de pai” aos católicos da Terra Santa um ano depois do ataque do grupo radical islâmico Hamas a Israel, que deu início aos atuais confrontos na região. Na carta, o papa renova o seu convite à oração e ao jejum, “armas do amor que mudam a história".
O papa dizendo que “há um ano o estopim do ódio foi aceso”.
Esse estopim, diz o papa, “não foi apagado, mas explodiu em uma espiral de violência, na vergonhosa incapacidade da comunidade internacional e dos países mais poderosos de silenciar as armas e pôr fim à tragédia da guerra”.
Francisco diz também que “o sangue escorre, como lágrimas; a raiva aumenta, junto ao desejo de vingança, embora pareça que poucos se interessam pelo que é mais necessário e pelo que as pessoas desejam: o diálogo, a paz”.
O papa diz que não se cansa de repetir que a guerra “é uma derrota”, que as armas “não constroem o futuro, mas o destroem” e que a violência “nunca traz paz”. Francisco também lamenta que os conflitos ao longo da história “parecem não ter ensinado nada”.
Depois, o papa dirige o seu olhar aos católicos da Terra Santa, aos quais se refere como “um pequeno rebanho indefeso, sedento de paz”, e agradece-lhes pelo desejo de permanecer nas suas terras e porque “sabem rezar e amar".
Para o papa Francisco, esses católicos são também “uma semente amada por Deus”, que “aparentemente sufocada pela terra que a cobre, sempre sabe encontrar o caminho para o alto, para a luz, para dar frutos e gerar vida”.
Francisco diz que os católicos da região não se deixam engolir pela escuridão que os cerca, mas, plantados em suas terras sagradas, tornam-se brotos de esperança, porque a luz da fé os leva a testemunhar o amor enquanto se fala de ódio, o encontro enquanto o confronto se espalha, a unidade enquanto tudo parece caminhar para a divisão”.
“Nós, cristãos” não devemos nos cansar de pedi a paz a Deus, diz o papa.
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Por isso, Francisco diz que convidou todos os fiéis a viver hoje (7) um dia de oração e de jejum, “as armas do amor que mudam a história, as armas que vencem nosso único verdadeiro inimigo: o espírito do mal que fomenta a guerra”.
“Por favor, dediquemos tempo à oração e redescubramos o poder salvífico do jejum!”, disse o papa.
“Estou com vocês, habitantes de Gaza, martirizados e exaustos, que estão todos os dias em meus pensamentos e em minhas orações”, diz Francisco. “Estou com vocês, forçados a deixar suas casas, a abandonar a escola e o trabalho, a vagar em busca de um destino para escapar das bombas”.
Francisco também diz estar próximo das “mães que derramam lágrimas olhando para seus filhos mortos ou feridos, como Maria ao ver Jesus; com vocês, pequenos que habitam as grandes terras do Oriente Médio, onde as tramas dos poderosos lhes roubam o direito de brincar”.
“Estou com vocês, que têm medo de olhar para o alto, porque do céu chove fogo.Estou com vocês, que não têm voz, porque se fala muito de planos e estratégias, mas pouco sobre a situação concreta daqueles que sofrem com a guerra, que os poderosos fazem com os outros; sobre eles, no entanto, pesa o implacável juízo de Deus”, diz o papa.
Estou com vocês, diz o papa Francisco, “sedentos de paz e de justiça, que não se rendem à lógica do mal e em nome de Jesus 'amam seus inimigos e rezam por aqueles que os perseguem' ”.
“Obrigado a vocês, filhos da paz, porque consolam o coração de Deus, ferido pelo mal do homem. E obrigado a todos aqueles, no mundo inteiro, que os ajudam; a eles, que em vocês cuidam de Cristo faminto, doente, estrangeiro, abandonado, pobre e necessitado, peço que continuem a fazê-lo com generosidade”, disse Francisco.
Por fim, o papa agradeceu aos bispos e sacerdotes que levam “o consolo de Deus nas solidões humanas” e “implora-lhes” que olhem “para o povo santo que são chamados a servir e deixar que seus corações sejam tocados, abandonando, por amor aos seus fiéis, toda divisão e ambição”.
“Irmãos e irmãs em Jesus, eu os abençoo e abraço com carinho, do fundo do meu coração. Que a Virgem Maria, Rainha da paz, cuide de vocês. Que São José, padroeiro da Igreja, proteja vocês”, concluiu Francisco.