Na entrevista coletiva oficial do Sínodo da Sinodalidade de ontem (7), uma delegada falou sobre as mulheres que vivenciam “um chamado ao sacerdócio”.

A delegada sinodal, irmã Mary Theresa Barron, das irmãs missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos, disse que, embora tendamos a olhar para o tópico das mulheres diaconisas da perspectiva de "as mulheres podem ou não ser ordenadas na Igreja hoje?" — ela acredita que a questão também deve ser feita de outra maneira.

“Acho que temos que olhar para a questão muito mais do ponto de vista do … Espírito. 'O Espírito está chamando as mulheres?' Porque algumas mulheres sentem um chamado para o sacerdócio ou diaconato”, disse ontem (7) a freira.

Barron atualmente é presidente da União Internacional de Superioras Gerais (UISG), organização católica que representa 600 mil irmãs religiosas de 80 países. Ela disse que “mesmo que no momento não estejamos olhando para o ministério ordenado” para mulheres, ela está pedindo para continuar a discussão.

“Acho que temos que olhar mais amplamente do que apenas podemos ou não podemos de um ponto de vista teológico ou canônico, mas em termos do chamado espiritual para o ministério hoje e em termos… das necessidades da missão hoje”, disse Barron.

A irmã respondia a uma jornalista católica que pediu que ela descrevesse maneiras pelas quais as mulheres podem “assumir papéis significativos de liderança e governança que não necessariamente têm a ver com ordenação”.

“Acho que um dos apelos deste sínodo é compartilhar as possibilidades que estão abertas às mulheres para governança, papéis de liderança dentro da Igreja, e há muitas boas práticas de todo o mundo”, disse a freira. “Mas nós, como católicos, somos muito ignorantes das possibilidades que existem.”

Como delegada do sínodo, Barron terá a oportunidade de se reunir com o grupo de estudo do sínodo focado no tema das mulheres diaconisas em 18 de outubro para dar sua opinião sobre esse tópico.

O arcebispo de Vilnius, Lituânia, dom Gintaras Grušas, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, que também falou na entrevista coletiva, disse que, se algum católico ao redor do mundo também quiser enviar sua contribuição a qualquer um dos dez grupos de estudo estabelecidos pelo papa, pode enviar suas contribuições, observações e propostas à secretaria-geral do Sínodo, que prometeu coletar e repassar tais materiais aos grupos envolvidos.

Depois de ouvir os comentários de Barron, o arcebispo de Mumbai, Índia, dom Oswald cardeal Gracias, membro do Conselho de Cardeais estabelecido para aconselhar o papa Francisco, disse que a conversa sobre o diaconato feminino “foi retirada e entregue a parte de um grupo de estudo que estuda questões teológicas”.

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“Portanto, isso não será discutido no sínodo”, disse dom Gracias na conferência de imprensa do sínodo.

“Posso mencionar aqui também que sou membro do Conselho de Cardeais e, nas últimas três reuniões que tivemos com o Santo Padre, o Conselho de Cardeais, houve uma sessão dedicada inteiramente ao papel das mulheres na Igreja: preocupações teológicas, preocupações pastorais, preocupações canônicas”, disse o arcebispo. “Então é uma questão de grande importância, preocupação. E o Santo Padre se interessou pessoalmente por isso”.

A possibilidade de permitir que mulheres se tornem diaconisas permanentes tem sido uma questão persistente no pontificado do papa Francisco. E embora o papa tenha indicado em várias ocasiões sua disposição de estudar a questão, especialmente a figura histórica da diaconisa na Igreja primitiva, o papa também deu uma resposta firme de que “diaconisas com ordens sagradas” não são uma possibilidade para mulheres.

“As mulheres são de grande utilidade como mulheres, não como ministras, mas como ministras nesse sentido, dentro das ordens sagradas”, disse Francisco à âncora da rede de televisão americana CBS News, Norah O'Donnell, no programa 60 Minutes em maio.

Embora a admissão de mulheres em ministérios como o diaconato tenha sido um dos grandes tópicos da assembleia sinodal de um mês no ano passado, os organizadores disseram que a questão está agora nas mãos de especialistas depois que o papa Francisco criou uma comissão no Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé para estudar a questão a pedido dos delegados do sínodo do ano passado.

Em vez disso, os delegados do sínodo na assembleia deste ano foram convidados a discutir propostas menos controversas, incluindo a expansão do papel das mulheres na liderança diocesana.

Dom Grušas, um lituano-americano que participa do sínodo como presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, disse que houve comentários na sala do sínodo sobre como o que foi dito na primeira parte da seção sobre mulheres no Instrumentum Laboris, ou documento de trabalho que orienta as discussões do sínodo, o que "basicamente se aplica também aos leigos".

“Houve comentários também sobre o fato de que os carismas das vocações dos cristãos leigos nas famílias, nas funções que eles estão desempenhando atualmente — pode ser em hospitais, pode ser em escolas — também devem ser valorizados”, disse dom Grušas.

“O papel das mulheres e dos homens, onde quer que estejam trabalhando na Igreja, deve ser corretamente valorizado. E uma ou outra parte do discurso não deve distorcer esse chamado vocacional”, disse o arcebispo.