O delegado para as Casas e Obras Internacionais Romanas da companhia de Jesus, padre Johan Verschueren, apoiou o evento "Católicos LGBTQ" realizado na casa geral da Companhia de Jesus em Roma.

No âmbito do Sínodo da Sinodalidade, os jesuítas organizaram o evento na terça-feira (8) no qual um grupo de pessoas com tendências homossexuais pediu maior participação na comunidade eclesial.

O padre Verschueren disse à CNA, agência em inglês da EWTN News, que dá "apoio moral" a esse ato, embora tenha dito que não estava presente.

"Os cristãos LGBT são nossos irmãos e irmãs e, é claro, eles têm (deveriam ter) seu lugar em nossas igrejas locais e comunidades religiosas", disse o padre Verschueren.

"Sua identidade de gênero não foi uma escolha moral", disse o jesuíta à ACI Prensa, agência em espanhol da EWTN News. "Eles nasceram assim".

O padre disse também que "eles são igualmente chamados e amados por nosso Senhor e Salvador, e convidados a segui-Lo" e acrescentou que "é bom ouvi-los dar testemunho".

A doutrina católica sobre a homossexualidade está resumida em três artigos do Catecismo da Igreja Católica: 2.357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.

2.358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação, devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.

 

2359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.

O evento "Qual é a experiência dos católicos LGBTQ?" foi organizado pelo veículo de mídia administrado por jesuítas America Media e pelo grupo pró-LGBT Outreach, cujo fundador é o padre jesuíta americano James Martin, que participa da assembleia do Sínodo da Sinodalidade por indicação do Papa Francisco.

O evento foi aberto pelo secretário da companhia de Jesus, padre Antoine Kerhuel, na casa geral dos jesuítas no Borgo Santo Spirito, rua próxima ao Vaticano.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

Com o padre James Martin como moderador, o painel contou com outros convidados, como Christopher Vella, da organização católica LGBT Drachma em Malta.

 "Vamos permitir que o amor se expresse", disse Vella.

Também estava presente Juan Carlos Cruz, ativista chileno que denuncia abusos sexuais e, a convite do papa Francisco, faz parte da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores. Cruz condenou o apoio que alguns líderes da Igreja "deram a leis controversas que estigmatizam as pessoas LGBTQ, especialmente em lugares como Uganda".

Janet Obeney-Williams, lésbica que vive com outra mulher  e participou da consulta do Sínodo global, também falou no evento sobre sua "conversão" ao catolicismo depois das palavras de "boas-vindas" do papa Francisco.

O evento também contou com a presença de alguns bispos e cardeais, incluindo o bispo jesuíta de Hong Kong, China, dom Stephen cardeal Chow, delegado do sínodo que conduziu a oração de abertura do evento.

"Ó Espírito Santo, envie-nos sua luz guia da verdade, para que nossa ignorância e preconceitos possam se dissolver através desta reunião sinodal, e uma nova manhã marcada pelo respeito mútuo e compreensão empática possa tomar forma em nossa Igreja para nossos irmãos e irmãs LGBTQ", rezou o cardeal.

Joanita Warry Ssenfuka, lésbica de Uganda que dirige a organização Freedom and Roam Uganda, disse que a mensagem de Jesus "era de amor" e exortou os líderes da Igreja "a ver os católicos LGBT como seres humanos e não como a soma de seus pecados".

Pouco antes do Sínodo da Sinodalidade, o padre James Martin divulgou reflexões pessoais sobre as abordagens pastorais a católicos que com tendências homossexuais junto com o padre Radcliffe, assistente espiritual na assembleia sinodal e futuro cardeal.

Mais em

Quem é o padre jesuíta Johan Verschueren

O padre estudou botânica na Universidade Católica de Louvain, Bélgica, e depois filosofia em Paris. Ele lecionou por dois anos no Centro de Pesquisa e Promoção do Campesinato (CIPCA, na sigla em espanhol) no Peru.

Ele também estudou teologia na Universidade Católica de Louvain, Bélgica,  de 1991 a 1995 e foi Superior dos Jesuítas na Região Europeia dos Países Baixos (Holanda).

Desde fevereiro de 2020, o padre é delegado para as Casas e Obras Internacionais Romanas da companhia de Jesus.