11 de out de 2024 às 15:38
O Círio de Nazaré começou na terça-feira (8) em Belém (PA) e terá no domingo (13) a procissão mais importante, que percorre 3,6 km e espera reunir mais de 2 milhões de pessoas.
Devoção a Nossa Senhora de Nazaré
Nossa Senhora de Nazaré é um dos títulos marianos mais antigos, remete ao período da infância de Jesus, em Nazaré da Galileia. Segundo a tradição, são José, marido de Maria, esculpiu uma imagem da Virgem amamentando que ficou conhecida como Nossa Senhora de Nazaré. Em 361, a imagem foi levada a Portugal e escondida no pico de São Bartolomeu, sendo encontrada apenas em 1119, dando início à sua veneração e a muitos milagres. Em 1182 foi erguida uma ermida a Nossa Senhora de Nazaré onde hoje está o Santuário de Nazaré, em Portugal.
No Brasil, a devoção começou em 1700 com o achado de uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelo Caboclo Plácido às margens do Igarapé Murutucu, perto de onde hoje está a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. Ele a levou para a sua casa várias vezes, mas milagrosamente a imagem voltava para o local onde foi encontrada. Então, Plácido construiu uma pequena capela para a imagem no lugar. A notícias da santa milagrosa se espalhou e todos os anos milhares de devotos visitavam a capela para pedir milagres e agradecer as graças alcançadas.
Nossa Senhora de Nazaré faz parte da vida cotidiana do povo paraense. Está nas casas, nas lojas, nos mercados, instituições, em todos os lugares é possível encontrar uma imagem. Muitos devotos a chamam carinhosamente de “Tia Naza”, “Nazica” ou “Nazinha”.
Por que se chama Círio de Nazaré?
A palavra "círio" deriva do latim “cereus”, que significa vela, e, em português passou a designar um tipo específico de grande vele de uso litúrgico. O uso da palavra “círio” para dar nome à procissão de Nossa Senhora de Nazaré tem a sua origem em Portugal, onde os romeiros iam ao Santuário de Nossa Senhora de Nazaré carregando velas e círios. Com o tempo, a própria procissão começou a ser chamada de círio.
Em Belém, as procissões a Nossa Senhora de Nazaré começaram em 1792 e eram feitas à noite com a presença de um Círio que iluminava e guiava os fiéis que também carregavam velas. A presença das velas era tão marcante que assim como em Portugal, as procissões também começaram a ser chamadas de Círio. Em 1845, ela passou a ser de manhã para fugir da chuva, mas o nome continuou Círio de Nazaré até hoje.
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O Círio de Nazaré foi reconhecido em 2004 como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O Círio de Nazaré tem 14 procissões
O dia mais importante do Círio de Nazaré é o segundo domingo de outubro, que costuma reunir mais de 2 milhões de pessoas para celebrar a Rainha da Amazônia. A procissão de 3,6 km de percurso sai da catedral, na Cidade Velha, até a Praça Santuário de Nazaré. Em todo o mês de outubro acontecem mais 13 procissões: Translado de carros, Translado para Ananindeua, Romaria Rodoviária, Romaria Fluvial, Moto Romaria, Transladação, Ciclo Romaria, Romaria da Juventude, Romaria das Crianças, Romaria dos Corredores, Romaria da Acessibilidade, Procissão da Festa, Recírio.
Os símbolos do Círio de Nazaré
O item mais característico do Círio de Nazaré de Belém é a corda que os promesseiros buscam tocar como forma de pagar promessa. Ela passou a fazer parte do círio em 1885, quando uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla no momento da procissão. A berlinda com a imagem ficou atolada e os cavalos não conseguiram puxá-la. Então, um comerciante local emprestou uma corda para os fiéis puxarem a berlinda. Desde então, a corda é usada no círio. Feita de cisal retorcido com 400 metros de comprimento, a corda simboliza o elo entre os fiéis e Nossa Senhora de Nazaré.
O principal símbolo da festa é a berlinda, a estrutura de madeira e vidro que leva a imagem de Nossa Senhora de Nazaré nas procissões. Ela começou a ser usada no Círio em 1882, antes a imagem era levada no colo do capelão do Palácio do Governo, em um palanquim carregado por cerca de seis homens. A berlinda era puxada por cavalos.
Nas procissões, é comum ver os fiéis com ex-votos ou objetos de promessa como sinal de agradecimento pelas graças recebidas por intercessão de Nossa Senhora. Eles costumam levar miniaturas de casas e barcos, réplicas da berlinda de Nossa Senhora, tijolos, velas do próprio tamanho, peças de cera com formato de partes do corpo. Na procissão há o carro dos milagres onde os devotos podem colocar esses objetos.