O prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé (DDF), dom Víctor cardeal Fernández, reafirmou a posição do papa Francisco contra o acesso das mulheres ao diaconato, questão que vai continuar a ser avaliada por uma comissão especializada, enquanto o sínodo continua a abordar o papel da mulher na Igreja fora do ministério ordenado.

O prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé disse hoje (21) na congregação geral, que para o papa Francisco a questão do diaconato feminino “não está madura”, e por isso pediu especificamente aos membros do sínodo que não que não se deixem “entreter” agora sobre esta possibilidade.

No entanto, o cardeal disse que os “que estão convencidos de que é necessário aprofundar” essa questão podem enviar as suas considerações à comissão criada pelo papa Francisco em 2020 para aprofundar a questão, liderada pelo cardeal Giuseppe Petrocchi.

Como disse no início do sínodo, o cardeal Fernández falou que “a pressa em pedir a ordenação de diaconisas não é a resposta mais importante hoje para promover as mulheres”.

Dom Fernández disse que o papa Francisco “está muito preocupado” com o papel das mulheres na Igreja e por isso pediu uma maior reflexão “sem se concentrar na ordem sagrada”.

Outras formas de participação das mulheres na Igreja

O cardeal Fernández voltou a se referir às reflexões lideradas pelo grupo de estudo 5, encarregado no sínodo de explorar, entre outras coisas, “a questão da necessária participação das mulheres na vida e na liderança da Igreja”.

O prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé disse que o grupo tem analisado diferentes formas como o ministério leigo de catequista em comunidades sem sacerdotes, opção que surgiu depois da exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia em 2020 e que não foi amplamente aceita.

O cardeal Fernández disse que o papa Francisco falou que o poder sacerdotal, ligado aos sacramentos, “não se expressa necessariamente como poder ou autoridade, e que existem formas de autoridade que não requerem ordens sagradas”.

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Ele pediu que sejam enviados ao dicastério “testemunhos de mulheres que são verdadeiramente líderes comunitárias ou que desempenham papéis importantes de autoridade”.

“Peço especialmente às mulheres deste sínodo, que ajudem a receber, explicitar e enviar ao dicastério várias propostas que possamos ouvir em seu contexto sobre possíveis caminhos para a participação das mulheres na liderança da Igreja”, disse o cardeal.

Depois do “mal-entendido” que causou a sua ausência numa reunião de delegados do sínodo em que se falou com o grupo de estudo da Santa Sé sobre essa questão, o cardeal confirmou que haverá uma nova reunião na quinta-feira (24), às 16h30 (horário local), na qual ouvirá ideias e propostas.

O prefeito do DDF também disse ter esperança de que possam ser dados passos concretos para compreender que “não há nada na natureza das mulheres que as impeça de ocupar posições muito importantes na liderança das Igrejas”. “O que verdadeiramente vem do Espírito Santo não pode ser detido”, disse.

O esboço do documento final já está nas mãos dos membros do sínodo

O secretário-geral do sínodo, Paolo Ruffini, disse na entrevista coletiva de hoje que o esboço do documento final foi entregue aos membros do sínodo hoje pela manhã.

O documento, que será apresentado ao papa Francisco, está sendo elaborado por uma comissão composta por um presidente, três secretários, sete membros representantes de cada continente e três membros nomeados pelo papa.

O padre dominicano Timothy Radcliffe, futuro cardeal, que esteve na reunião na Sala de Imprensa da Santa Sé, exortou a não buscar “manchetes” nesse documento, pois “isso seria um erro”. O padre disse também que “o sínodo trata de uma profunda renovação da Igreja” e uma “nova forma” de imaginá-la.

A subsecretária-geral do sínodo, irmã Nathalie Becquart, disse que o sínodo representa também uma “nova forma de ver e articular o primado” do ministério petrino.