O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, disse que, por enquanto, uma solução de dois Estados para acabar com a guerra entre Israel e o grupo terrorista islâmico Hamas na Terra Santa “não é realista”.

A solução de dois Estados foi adotada em 1948 pela Organização das Nações Unidas para o futuro do que era então um protetorado britânico. No território, deveriam ser organizados dois Estados, um judeu e um árabe. Os judeus aceitaram e fundaram Israel. Os países árabes rejeitaram a criação de um Estado judeu e Egito, Jordânia e Síria invadiram a parte que abrigaria o novo Estado árabe. Desde então, a região vive em conflito. Apenas Egito e Jordânia têm hoje relações diplomáticas com Israel.

“Minha impressão é que ninguém quer um conflito maior, mas ninguém é capaz de detê-lo”, disse o cardeal Pizzaballa a Colm Flynn, da EWTN. “Agora é preciso algo novo, criativo, não sei o que, mas todos os acordos anteriores, ideias, a solução prospectiva de dois Estados, tudo isso não é realista agora”.

Para dom Pizzaballa, o povo da Terra Santa vive seu pior período dos últimos 35 anos, com o confronto iniciado com o ataque do Hamas a Israel. O grupo terrorista islâmico matou cerca de 1,4 mil civis e sequestrou centenas de israelenses em 7 de outubro do ano passado. Israel deu início a operações militares contra o Hamas na Faixa de Gaza e o Hezbollah no Líbano, ambos grupos radicais islâmicos patrocinados pelo Irã.

“Não apenas pela violência”, disse dom Pizzaballa. “Mas pela proporção, pelo impacto, também pelo impacto emocional na população, israelenses e palestinos, e agora no Líbano, que é enorme”.

No último ano, o papa Francisco pediu várias vezes um cessar-fogo e o fim da guerra na Terra Santa, especialmente depois de rezar o Ângelus aos domingos. Em 17 de outubro, o papa recebeu um ex-primeiro-ministro de Israel e três ex-ministros palestinos importantes no Vaticano para discutir a situação.

Dom Pizzaballa falou a Flynn sobre sua preocupação com “a linguagem do ódio” encontrada em todos os lugares.

“Isso é terrível. E minha preocupação não é tanto sobre a guerra. Guerras não são eternas; elas terminam, como todas as guerras, mas o que virá depois, as consequências serão terríveis”.

A Igreja é a voz dos pobres

Sobre as negociações que devem ocorrer para alcançar a paz, o cardeal disse: “Não acho que a Igreja deva entrar nessas coisas. É melhor que a Igreja fique de fora… porque se você entra, você não é livre. A força da Igreja é ser uma voz, a voz dos pobres”.

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“Todos têm que fazer seu trabalho”, disse o cardeal. “Os políticos têm que encontrar uma perspectiva política e os líderes religiosos têm que ajudar as pessoas a encontrar esperança”.

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O patriarca de Jerusalém também disse que “a paz é uma atitude” e não “apenas um acordo”.

Dada a situação atual, porém, o patriarca acha que “não é realista falar sobre paz".

Agora, o que temos que falar primeiro é sobre um cessar-fogo, para parar qualquer tipo de violência... para encontrar também uma nova liderança com visão, visão política, e também líderes religiosos. E então se pode pensar em uma nova perspectiva para o Oriente Médio, não antes”.

Respondendo sobre o que os cristãos podem fazer fora da Terra Santa, o cardeal Pizzaballa disse: “Rezem e apoiem. Apoiem a comunidade cristã o máximo que puderem”.

Mensagem aos israelenses e aos palestinos

O patriarca de Jerusalém diz que “palestinos e israelenses são chamados por Deus para viverem um perto do outro, não um contra o outro. E eles têm que redescobrir seu chamado”.

O cardeal diz também que “a resposta à violência e ao mal é a cruz” e que “não é impossível” ver Deus no meio de tudo isso porque “o Evangelho não é uma ideia ou uma narrativa, é vida” e falou sobre a necessidade de todos “confiarem mais no poder da graça de Deus”.