O papa Francisco falou na audiência geral de hoje (23) sobre os dons que o Espírito Santo dá aos cônjuges que o invocam, fazendo da sua união um casamento “construído sobre a rocha”.

Aos fiéis que o ouviam na praça de São Pedro, no Vaticano, o papa citou a doutrina de santo Agostinho, que partiu da revelação de que “Deus é amor” e disse como “o Espírito Santo ilumina toda a vida cristã e, em modo particular, o sacramento do matrimônio".

Depois, o papa Francisco disse que “o Pai é, na Trindade, aquele que ama, fonte e princípio de tudo; o Filho é aquele que é amado, e o Espírito Santo é o amor que os une”.

Assim, Francisco disse que “o Deus dos cristãos é um Deus ‘único’, mas não solitário; a sua é uma unidade de comunhão, de amor”.

“Nesta ótica, alguns propuseram chamar ao Espírito Santo, não ‘a terceira pessoa’ singular da Trindade mas, ao contrário, a ‘primeira pessoa do plural’ “, disse o papa.

“Em síntese, é o Nós, o Nós divino do Pai e do Filho, o vínculo de unidade entre pessoas diferentes, o próprio princípio da unidade da Igreja, que é precisamente um ‘só corpo’ resultante de várias pessoas”.

O papa falou também sobre o que o Espírito Santo tem a dizer à família.

“O que pode ter a ver com o matrimônio, por exemplo, o Espírito Santo? Muitíssimo, talvez o essencial”, disse o papa Francisco.

Em primeiro lugar, Francisco disse que o matrimônio cristão “é o sacramento da doação de si, um ao outro, do homem e da mulher”.

“Portanto, o casal humano é a primeira e mais elementar realização da comunhão de amor, que é a Trindade”, disse o papa Francisco.

“Também os esposos deveriam formar uma primeira pessoa do plural, um “nós”. Estar um diante do outro como um “eu” e um “tu”, e estar perante o resto do mundo, incluindo os filhos, como um “nós”. Como é bom ouvir uma mãe dizer aos filhos: ‘O teu pai e eu…’ ”, disse Francisco.

“Como precisam os filhos desta unidade - pai e mãe juntos - da unidade dos pais, e como sofrem quando ela falha! Como sofrem os filhos de pais que se separam, como sofrem!”, lamentou o papa Francisco.

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Francisco disse também que, para corresponder a essa vocação, o matrimônio “precisa do apoio d’Aquele que é o Dom, aliás, o doar-se por excelência”.

“Onde entra o Espírito Santo, renasce a capacidade de se doar. Alguns Padres da Igreja afirmaram que, sendo o dom recíproco do Pai e do Filho na Trindade, o Espírito Santo é também a razão da alegria que reina entre eles, e não tiveram medo de usar, falando sobre isto, a imagem dos gestos próprios da vida conjugal, como o beijo e o abraço”.

O papa disse também que essa unidade não é uma meta fácil, “mas esta é a verdade das coisas, como o Criador as pensou e, portanto, faz parte da sua natureza”.

“Certamente, pode parecer mais fácil e mais apressado construir sobre a areia do que sobre a rocha; mas Jesus diz-nos qual é o resultado (cf. Mt 7, 24-27). Neste caso, então, nem sequer precisamos da parábola, porque as consequências dos casamentos construídos sobre a areia estão, infelizmente, à vista de todos, e são sobretudo os filhos que pagam o preço”, disse Francisco.

Aprofundar a preparação espiritual

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O Espírito Santo, segundo o papa, é o “que continua a realizar, no plano espiritual”, o milagre que Jesus fez nas Bodas de Caná, ou seja, “ transformar a água do hábito numa nova alegria de estar juntos”.

“Não se trata de uma piedosa ilusão: foi o que o Espírito Santo fez em tantos casamentos, quando os noivos decidiram invocá-lo”, disse Francisco.

“Mas não seria mau se, além das informações de natureza jurídica, psicológica e moral que são dadas, na preparação dos noivos para o casamento, se aprofundasse esta preparação ‘espiritual’ ”, disse o papa Francisco.