O prefeito do dicastério para os Bispos da Santa Sé, o cardeal Francis Prevost, citou alguns dos “dons” que os candidatos a bispos devem ter, uma decisão reservada ao papa, mas cujo processo de seleção envolverá cada vez mais a participação do “povo de Deus”.

O cardeal disse hoje (23) a jornalistas em Roma que a questão do processo de seleção dos bispos em cada conferência episcopal e a forma como isso é feito é um dos temas discutidos no Sínodo da Sinodalidade.

“A questão é: como é possível tornar esse processo de busca de candidatos mais sinodal e que inclua a maior participação não só dos bispos, mas também de sacerdotes, religiosos e leigos?”

Uma das funções mais relevantes dos núncios apostólicos é participar nesse processo de seleção. Os “embaixadores” da Santa Sé desempenham um papel crucial na seleção dos candidatos.

Essa nova abordagem orientada para um estilo “sinodal” exige, como disse o cardeal, que o núncio conheça “bem as pessoas” nas visitas pastorais e que elas não apenas “sejam recebidas pelo pároco” e participem das cerimônias.

É necessário também “entrar em contato com os grupos paroquiais”, ouvir os seus problemas e refletir sobre as formas como a Igreja pode ser fortalecida.

Os critérios para selecionar um bispo

Respondendo sobre os “critérios” necessários para selecionar bispos, o cardeal Prevost quis falar sobre o seu caráter universal e, ao mesmo tempo, a sua especificidade devido às determinadas áreas em que isso é feito.

“Pedimos aos núncios que escrevam relatórios que serão enviados ao dicastério e posteriormente apresentados ao santo padre”, disse o cardeal.

Os relatórios incluem uma série de aspectos sobre o candidato.

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Sobre esses requisitos, o cardeal alguns como “o valor” do candidato, além de um estudo se ele teve “problemas graves dos quais ninguém sabe nada”, certos problemas de saúde, “ou se há outros aspectos por trás disso". Isso faria com que ele não fosse "um bom candidato".

“Mas também olhamos para as dioceses específicas e as suas necessidades. É por isso que o núncio apostólico é responsável por informar não só sobre os bispos, mas também sobre os sacerdotes, leigos e religiosos. Para saber como é a diocese, as suas necessidades e de que bispo ela necessita”, disse o cardeal Prevost.

O cardeal diz que essa proximidade com o povo de Deus deve existir desde que o núncio apostólico “faça bem o seu trabalho”, ou seja, ao estudar a situação local, conversar com as pessoas e ver formas de encontrar o melhor candidato.

Dom Prevost disse que o papa Francisco falou muitas vezes sobre esses critérios, destacando “o cheiro de ovelhas” que os bispos devem ter, como consequência de caminhar ao lado do povo de Deus e até mesmo de “sofrer com ele”.

O cardeal disse que os bispos também devem ter o dom da liderança, às vezes até mesmo em “comunidades que têm muitos bons sacerdotes”, mas que sem um bom líder “não vão a lugar nenhum”.

“Pastores que caminham com o povo de Deus”

Assim, dom Prevost citou os deveres pastorais dos bispos, que segundo ele não são “administradores de empresas exclusivamente dedicados às organizações e aos assuntos estruturais e cerimoniais”.

“Eles têm que ser pastores que caminham com alegria com o povo de Deus”, disse o cardeal.

O prefeito do Dicastério para os Bispos, responsável por tudo o sobre a constituição e a provisão das Igrejas particulares e ao exercício da função dos bispos na Igreja, disse que os bispos também são chamados a ser “julgados e avaliados” por suas ações e atitudes. Para o cardeal, “a tensão de ser pastor e de ser avaliado é o que significa ser bispo”.

O cardeal citou o papa Francisco ao dizer que a única autoridade dos bispos “é servir”, e insistiu na importância de “mudar toda a dinâmica e paradigma da estrutura de poder”, tendo em vista, portanto, o serviço que um bispo deve exercer para com todos os membros da sua diocese.

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