24 de out de 2024 às 14:09
O padre jesuíta Enrique “Kike” Figaredo, prefeito apostólico de Battambang, Camboja, deu ao papa Francisco uma cadeira de rodas feita por sobreviventes de minas terrestres no Camboja.
O missionário espanhol viajou do país do sudeste asiático para Roma com um presente especial para o papa: uma cadeira de rodas Mekong, caracterizada por ter três rodas e ser feita de madeira.
O padre Figaredo, que está na Cidade Eterna para participar do Sínodo da Sinodalidade, teve a oportunidade de se encontrar ontem (23) com o papa.
“Esse encontro foi lindo, o papa Francisco me fascinou. Quando ele me viu, me perguntou: 'Kike, o que você me traz?'”, disse o padre à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.
Segundo o missionário, Francisco “ficou surpreso ao ver a cadeira de rodas e disse que era muito bonita”.
Depois, o padre mostrou algumas das características da cadeira ao papa. Figaredo disse que Francisco o “ouviu com muita atenção”, destacando que os autores não são “deficientes”, mas têm “habilidades especiais”.
“Eu o convidei para sentar, ele levantou-se da cadeira, sentou-se na cadeira cambojana e disse: ‘que beleza’”.
O papa também disse querer usá-la, algo que para o padre “Kike” seria “um símbolo para as pessoas feridas na guerra”.
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O padre Kike disse que esse gesto tem um grande significado: “Que o papa Francisco tenha uma cadeira de rodas feita pelas pessoas pelas quais ele reza e luta, para que tenham paz”.
“São as pessoas que são vítimas da guerra que oferecem isso através de mim. Dão uma cadeira de rodas ao papa, agora deficiente, para que possa continuar a ser o líder da Igreja e do mundo pela paz”, disse o sacerdote.
O padre Figaredo dedicou mais de 40 anos de sua vida ao serviço dos mais necessitados no Camboja, especialmente das pessoas mutiladas devido a explosões de minas antipessoais.
Ao longo dos anos, Figaredo promoveu diversos projetos de ação social com pessoas com deficiência. Em 1991, o padre fundou uma escola para crianças mutiladas em Phnom Penh, capital do Camboja, onde também constroem cadeiras de rodas de madeira conhecidas como Mekong, em referência ao rio que atravessa o Camboja e outros cinco países asiáticos e é um dos mais longos do mundo.
A escola acolhe crianças de rua vulneráveis, órfãos e crianças deficientes. Em Battambang existe também o Centro Arrupe, onde se desenvolvem diversos projetos de educação de crianças e formação de adultos.
Há também uma extensão agrícola e pecuária, o restaurante The Lonely Tree Café, uma cafeteria, um hotel, um centro têxtil onde confeccionam Kromas – tradicional lenço cambojano – e a marca Mutitaa, onde vendem roupas que podem ser compradas online na Espanha. Todos são, segundo o padre espanhol, “pequenos modelos de integração social”.
Voluntários de diversos países vão à missão todos os anos. Muitos vão ajudar no verão e os adultos costumam ficar mais tempo, cerca de um ano. E há outros voluntários que só pretendem ficar por alguns meses e acabam ficando, porque essas pessoas têm algo que “te prende”.