25 de out de 2024 às 09:16
O cardeal Gerhard Ludwig Müller alertou contra a “construção de uma Igreja pós-católica” em artigo para o site católico alemão kath.net na terça-feira (22) em que discutiu o o termo sinodalidade.
Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, hoje dicastério, participa do Sínodo da Sinodalidade no Vaticano de cujas duas primeiras semanas esteve ausente causa da saúde.
Sinodalidade, “no sentido católico”, escreveu Müller, “não é a construção de uma igreja pós-católica ou sua transformação em uma Organização Não-Governamental (ONG) em conformidade com o pensamento woke, mas se refere à cooperação de todos os leigos, religiosos, diáconos, padres e bispos sob a liderança do sucessor de Pedro, guiados pelo Espírito Santo, para que Jesus Cristo brilhe na face da Igreja do Deus Triuno como a luz das nações, proclamando o Evangelho a todas as criaturas”.
Sinodalidade significa, “meramente por analogia com a colegialidade dos bispos nos conselhos ecumênicos e regionais, um instrumento e um método de coordenação e cooperação dos leigos, religiosos e clérigos em sua respectiva participação no ministério pastoral, de ensino e sacerdotal de Cristo, a cabeça da Igreja”.
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É impossível para os cristãos “ir além da autorrevelação de Deus em Jesus Cristo na direção de uma igreja ‘modernista ou progressista’, que supostamente tem de acompanhar o Iluminismo, mas que, ao fazer isso, só cai presa de seu naturalismo (sem o Deus da revelação) e, como uma religião civil, serve ao estado absoluto (no sentido de Hobbes, Hegel e Marx) sem dignidade”.
“O cristianismo encarnacional não pode ser superado por um cristianismo espiritual montanista ou entusiástico (=extático) sem dogma, sem sacramento e sem magistério apostólico”, enfatizou Müller. “Tampouco podemos, seguindo o exemplo dos antigos gnósticos, transferir a Igreja Católica [...] para um estágio superior de sua existência histórica e disfarçar essa traição com o belo rótulo de Igreja sinodal.”
Müller também advertiu: “Seria um pecado contra o Espírito Santo, que dá a unidade da Igreja na verdade revelada, envolver os portadores da missão geral da Igreja no apostolado leigo, na vida consagrada dos religiosos e no episcopado em uma luta pelo poder no sentido político, em vez de entender que o Espírito Santo guia sua cooperação sinfônica para que todos possam chegar à unidade em Cristo. Na realidade, todos devem superar uns aos outros no serviço de construção do Reino de Deus.”