A América Latina emergiu como uma voz significativa no Sínodo da Sinodalidade. Neste mês, membros do clero e vários participantes falaram sobre o impacto e as consequências que o “estilo sinodal” proposto na assembleia terá em seus respectivos países.

Antídoto contra a polarização

O arcebispo de Bogotá, Colômbia, dom Luis José cardal Rueda Aparicio, um dos escolhidos para preparar o documento final do sínodo, disse à EWTN que, apesar da variedade de contextos, há uma “unidade” que permite que o estilo sinodal permeie as diferentes realidades da América Latina.

Dom Rueda disse que a sinodalidade é concebida como um antídoto para um grave problema que afeta não apenas a Colômbia, mas toda a América Latina.

Essas são “polarizações tóxicas e prejudiciais à saúde que levam até mesmo membros da mesma família a se tornarem inimigos dentro dos países”, disse.

Para o cardeal, a proposta da sinodalidade “com capacidade de escuta, de diálogo e daquela metodologia simples, mas poderosa, que é a conversa no Espírito, em que se dá valor ao orador e ao que ele expressa e depois encontra, guiado pelo Espírito Santo, uma via comum, tem uma aplicação social muito forte”.

Uma atitude “em saída e a caminho”

O cardeal Rueda Aparicio disse que “esse estilo de evangelização que abre portas, que entra no diálogo, que está em atitude de saída ao encontro dos outros, nos ajudará muito a encontrar os caminhos da paz e da reconciliação”.

O arcebispo da Cidade do México, dom Carlos Aguiar cardeal Retes, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que esse processo deve influenciar os comportamentos e as “resistências” que dificultam a aplicação da “vida sinodal”.

O cardeal falou especialmente sobre o trabalho dos párocos e disse que o “modelo tradicional, em que os fiéis eram esperados no templo”, deveria ser deixado de lado.

Em vez disso, o cardeal disse que o modelo sinodal propõe uma “Igreja em saída” — sobre a qual o papa Francisco falou várias vezes —, nas quais possam “sair aos ambientes do seu território, para promover a proximidade e a participação das presentes instituições e organizações leigas”.

O papa também convidou os membros da Igreja a buscarem uma presença maior na vida digital, ao propor uma “aplicação sinodal, missionária e ‘misericordiosa’ da Igreja”.

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O arcebispo de Mendoza, Argentina, dom Marcelo Daniel Colombo, também falou sobre isso à ACI Prensa, ao dizer que “nestes dias, junto com o papa e a Igreja universal, aprendemos e levaremos para a América Latina as nossas experiências de uma Igreja em caminho”.

Corresponsabilidade na Evangelização

Para o bispo de Maldonado-Punta del Este-Minas, Uruguai, dom Milton Luis Tróccoli, o caminho sinodal permitiu que todos os agentes pastorais (sacerdotes, leigos e consagrados) “se sentissem mais integrados na missão evangelizadora”.

O bispo disse à ADN Celam, órgão de informação do CELAM, que “a experiência da sinodalidade e todo esse caminho que percorremos já está a dar contributos e a fazer transformações”.

O bispo disse que esse processo “busca um discernimento comum sobre como servir melhor e anunciar de forma mais eficaz o Evangelho, ao esperar que pouco a pouco seja possível responder a pergunta: ‘como levar a Palavra de Deus a todas as vidas e corações?’”.

Maior integração na vida paroquial

Na chamada “Tenda da Sinodalidade”, iniciativa cujo objetivo é refletir a partir de Roma sobre a presença da América Latina na Igreja, e continuar a promover o processo sinodal, refletiu-se sobre a necessidade de uma maior integração na vida paroquial.

No espaço, a presidente do Conselho Católico Nacional para o Ministério Hispânico dos EUA, Elisabet Román, refletiu sobre os hispânicos na Igreja dos EUA, onde a população migrante constitui 45% da população católica do país. Ele também falou sobre a falta de representação latina na liderança da Igreja.

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América Latina, “exemplo de sinodalidade” para outros países

O subsecretário-geral do sínodo, dom Luis Marín de San Martín, disse em março deste ano que a América Latina “está cinco passos à frente na sinodalidade”.

Dom Marín disse que essa “estrutura forte” tem duas consequências: “Primeiro, é uma responsabilidade ajudar os outros, é preciso ajudar outros continentes, ajudar grupos, entrar em contato”. A segunda coisa, disse o bispo, é que “não devemos nos fechar, nenhum continente deve se fechar, porque tudo o que se fecha morre, a maravilhosa e estupenda riqueza que existe na América Latina deve ser aberta”.

“Peço que vocês liderem”, disse o bispo.