O papa Francisco recebeu hoje (30) no Palácio Apostólico, no Vaticano, membros do Projeto Esperança , um programa de acompanhamento para a cura espiritual e emocional de mulheres e homens que sofrem as consequências de fazer um aborto. Entre os presentes estavam os brasileiros Zezé Luz, fundadora e presidente-executiva da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família - Rede Colaborativa Brasil , e o casal Luiz e Katia Stolf, casal referência da Pastoral Familiar no Brasil e regional de Santa Catarina da Rede Latino-Americana e Caribenha em Defesa da Vida e da Família.

Os membros do Projeto Esperança, presente na maioria dos países latino-americanos, ajudam quem precisa a fazer um caminho “de reconciliação e perdão” e a experimentar a misericórdia de Deus.

Desde 1999, esses “acompanhadores” – aos quais o papa se referiu como “anjos” – preocupam-se com as “outras vítimas do aborto”, os que decidiram acabar com a vida dos seus filhos.

Papa Francisco recebe hoje (30) membros do Projeto Esperança no Vaticano. Vatican Media
Papa Francisco recebe hoje (30) membros do Projeto Esperança no Vaticano. Vatican Media

Por isso surgiu o “Projeto Esperança”, que atende mulheres e também homens que pedem ajuda “com lágrimas nos olhos e expressam a necessidade de saber lidar com a dor insuportável”.

Seu objetivo é ajudar essas pessoas a trabalhar sua dor “com a ajuda de profissionais capacitados e por meio de uma abordagem de acolhimento, compreensão e sigilo, que busca facilitar o encontro da mãe e do pai com aquela criança vítima de um aborto”.

Zezé Luz disse à ACI Digital que no encontro o papa respondeu a algumas perguntas dos membros do Projeto Esperança e os motivou a continuar nesse apostolado. Segundo ela, o papa também falou "da misericórdia para com as mulheres que sofrem as sequelas pós-aborto" e sobre "a cultura do descarte de bebês".

"Especificamente sobre o Brasil, falamos que a Rede Colaborativa tem feito um trabalho assíduo" sobre a defesa da vida, acrescentou.

O sofrimento dessas mães e pais “é indescritível”

Na audiência de hoje no Palácio Apostólico, no Vaticano, o papa Francisco disse estar alegre ao receber pessoas que há 25 anos acompanham mulheres cujo sofrimento, segundo ele, “é indescritível”.

Para Francisco, “a chegada de cada recém-nascido é muitas vezes sinônimo de uma alegria que nos invade de forma misteriosa e renova a esperança”.

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“É como se percebêssemos, sem poder explicar, que cada criança é um anúncio do nascimento de Belém, do desejo de Deus de fazer morada em nossos corações”, disse o papa.

Ao citar as Sagradas Escrituras, Francisco disse que o Senhor “quis nos tornar participantes de uma dor que, sendo a antítese dessa alegria, nos abala profundamente”.

“Ouve-se uma voz de Ramá, um lamento e um choro amargo: Raquel chora por seus filhos, recusa-se a ser consolada porque eles não existem mais (Jr 31,15)”, leu o papa.

O primeiro gemido, como disse o papa Francisco ao falar sobre um autor antigo, citado por santo Tomás de Aquino, referia-se às crianças, “os santos inocentes”, cuja dor “cessou com a morte”, enquanto o “choro amargo” era ‘o lamento das mães ‘que se renova sempre com a memória’.

O papa também citou a fuga de Nossa Senhora e de são José para o Egito devido à ordem de Herodes de matar recém-nascidos para dizer que “um mal tão grande afasta Jesus de nós, impede-o de entrar em nossa casa, de encontrar um lugar em nossa hospedaria”.

“O mal não tem a última palavra”

“Mas não devemos perder a esperança, o mal não tem a última palavra, nunca é definitivo. Como o anjo no sonho de são José, Deus nos anuncia que, depois deste deserto, o Senhor voltará a tomar posse de sua casa”, disse Francisco.

O papa disse também que as pessoas que fazem parte do “Projeto Esperança” são como “aquele anjo”.

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“Eu realmente lhes agradeço por isso”, disse o papa Francisco.

Francisco também os convidou a confiar “nas mãos firmes de são José para que estes nossos irmãos e irmãs possam encontrar Jesus na desolação”.

“Com Ele chegarão ao lugar quente e seguro de Nazaré, onde viverão o silêncio interior e a alegria pacífica de se verem acolhidos e perdoados no seio da Sagrada Família”, concluiu o papa.