30 de out de 2024 às 15:53
O papa Francisco recebeu hoje (30) no Palácio Apostólico, no Vaticano, membros do Projeto Esperança , um programa de acompanhamento para a cura espiritual e emocional de mulheres e homens que sofrem as consequências de fazer um aborto. Entre os presentes estavam os brasileiros Zezé Luz, fundadora e presidente-executiva da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família - Rede Colaborativa Brasil , e o casal Luiz e Katia Stolf, casal referência da Pastoral Familiar no Brasil e regional de Santa Catarina da Rede Latino-Americana e Caribenha em Defesa da Vida e da Família.
Os membros do Projeto Esperança, presente na maioria dos países latino-americanos, ajudam quem precisa a fazer um caminho “de reconciliação e perdão” e a experimentar a misericórdia de Deus.
Desde 1999, esses “acompanhadores” – aos quais o papa se referiu como “anjos” – preocupam-se com as “outras vítimas do aborto”, os que decidiram acabar com a vida dos seus filhos.
Por isso surgiu o “Projeto Esperança”, que atende mulheres e também homens que pedem ajuda “com lágrimas nos olhos e expressam a necessidade de saber lidar com a dor insuportável”.
Seu objetivo é ajudar essas pessoas a trabalhar sua dor “com a ajuda de profissionais capacitados e por meio de uma abordagem de acolhimento, compreensão e sigilo, que busca facilitar o encontro da mãe e do pai com aquela criança vítima de um aborto”.
Zezé Luz disse à ACI Digital que no encontro o papa respondeu a algumas perguntas dos membros do Projeto Esperança e os motivou a continuar nesse apostolado. Segundo ela, o papa também falou "da misericórdia para com as mulheres que sofrem as sequelas pós-aborto" e sobre "a cultura do descarte de bebês".
"Especificamente sobre o Brasil, falamos que a Rede Colaborativa tem feito um trabalho assíduo" sobre a defesa da vida, acrescentou.
O sofrimento dessas mães e pais “é indescritível”
Na audiência de hoje no Palácio Apostólico, no Vaticano, o papa Francisco disse estar alegre ao receber pessoas que há 25 anos acompanham mulheres cujo sofrimento, segundo ele, “é indescritível”.
Para Francisco, “a chegada de cada recém-nascido é muitas vezes sinônimo de uma alegria que nos invade de forma misteriosa e renova a esperança”.
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“É como se percebêssemos, sem poder explicar, que cada criança é um anúncio do nascimento de Belém, do desejo de Deus de fazer morada em nossos corações”, disse o papa.
Ao citar as Sagradas Escrituras, Francisco disse que o Senhor “quis nos tornar participantes de uma dor que, sendo a antítese dessa alegria, nos abala profundamente”.
“Ouve-se uma voz de Ramá, um lamento e um choro amargo: Raquel chora por seus filhos, recusa-se a ser consolada porque eles não existem mais (Jr 31,15)”, leu o papa.
O primeiro gemido, como disse o papa Francisco ao falar sobre um autor antigo, citado por santo Tomás de Aquino, referia-se às crianças, “os santos inocentes”, cuja dor “cessou com a morte”, enquanto o “choro amargo” era ‘o lamento das mães ‘que se renova sempre com a memória’.
O papa também citou a fuga de Nossa Senhora e de são José para o Egito devido à ordem de Herodes de matar recém-nascidos para dizer que “um mal tão grande afasta Jesus de nós, impede-o de entrar em nossa casa, de encontrar um lugar em nossa hospedaria”.
“O mal não tem a última palavra”
“Mas não devemos perder a esperança, o mal não tem a última palavra, nunca é definitivo. Como o anjo no sonho de são José, Deus nos anuncia que, depois deste deserto, o Senhor voltará a tomar posse de sua casa”, disse Francisco.
O papa disse também que as pessoas que fazem parte do “Projeto Esperança” são como “aquele anjo”.
“Eu realmente lhes agradeço por isso”, disse o papa Francisco.
Francisco também os convidou a confiar “nas mãos firmes de são José para que estes nossos irmãos e irmãs possam encontrar Jesus na desolação”.
“Com Ele chegarão ao lugar quente e seguro de Nazaré, onde viverão o silêncio interior e a alegria pacífica de se verem acolhidos e perdoados no seio da Sagrada Família”, concluiu o papa.