Um grupo de freiras do Estado do Texas, nos EUA, foi demitido da vida religiosa depois de uma longa disputa com seu bispo sobre a governança de seu mosteiro.

A madre Marie da Encarnação, presidente da Associação de Cristo Rei, disse em uma carta enviada à diocese de Fort Worth, Texas, na segunda-feira (28) que as freiras do mosteiro da Santíssima Trindade em Arlington, Texas, foram demitidas da ordem dos carmelitas descalços e "retornaram ao estado laical" depois de mais de um ano de desafio sustentado a seus superiores.

A demissão é o ápice de uma disputa amarga e divisória entre as freiras carmelitas e autoridades da Igreja, que envolve desde o bispo de Fort Worth, dom Michael Olson, até a própria Santa Sé.

A controvérsia começou no ano passado, quando dom Olson iniciou uma investigação sobre o mosteiro em meio a alegações de que a madre superiora Teresa Agnes Gerlach teria tido um caso amoroso com um padre.

As freiras entraram com uma ação judicial contra dom Olson em maio do ano passado sobre a investigação, ao alegar violações de privacidade e danos ao bem-estar físico e emocional das freiras. Dom Olson eventualmente demitiu Gerlach da vida religiosa .

Em abril deste ano, a Santa Sé disse que a Associação de Cristo Rei nos EUA supervisionaria a “governança, disciplina, estudos, bens, direitos e privilégios” do mosteiro no Texas.

As freiras, no entanto, desafiaram a ordem da Santa Sé, chegando ao ponto de se associarem à Fraternidade São Pio X (FSSPX), um grupo tradicionalista que não está em plena comunhão com a Igreja e tem um status canonicamente irregular.

"Nosso único desejo é que eles se arrependam"

A madre Marie da Encarnação disse na segunda-feira que o desafio repetido das freiras incluía negar a autoridade do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica da Santa Sé e negar a autoridade de seu bispo e da própria Marie como sua superiora. Ela disse que as freiras também cometeram “associação formal ilegal” com a FSSPX.

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Essas violações foram “exacerbadas pela expropriação ilícita da pessoa jurídica do mosteiro carmelita”, escreveu madre Marie.

As freiras “confiaram aos leigos” a propriedade do mosteiro, disse ela, que “lhes havia sido confiada por inúmeros benfeitores, com o propósito de servir a Cristo na Igreja por meio da vida carmelitana descalça”.

A expulsão das freiras da vida religiosa foi motivada “por suas próprias ações”, escreveu a madre Marie.

“Peço suas orações e sacrifícios contínuos em nome dessas sete mulheres”, disse ela, ao escrever também que “nosso único desejo é que os membros demitidos do carmelo se arrependam, para que a propriedade monástica possa novamente ser corretamente chamada de mosteiro, habitado por freiras carmelitas descalças, em boa posição canônica com a Igreja de Roma”.

Dom Olson fez o mesmo apelo de madre Marie por orações pelas freiras demitidas ao fazer o anúncio e ordenou que os católicos se abstenham de comparecer à missa no mosteiro.

O bispo também pediu que os fiéis “não ofereçam apoio financeiro” às freiras.

Em uma carta escrita no mês passado, dom Olson respondeu a relatos de que as freiras haviam reinstalado Gerlach como madre superiora em uma eleição ilícita. O bispo descreveu a ação como “escandalosa” e “permeada com o odor de cisma”.

Na carta divulgada na segunda-feira, madre Marie disse que uma freira carmelita “promete viver de acordo com a regra e as constituições da Ordem dos Carmelitas Descalços”.

As freiras tiveram a oportunidade de se reunirem com a Igreja, disse a madre, mas elas “escolheram o contrário, e suas escolhas trouxeram sobre elas o status diferente que agora é delas”.