1 de nov de 2024 às 12:37
Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, fundador do Arautos do Evangelho, morreu hoje (1º), “por volta das 2h30 da madrugada”, em São Paulo (SP) aos 85 anos, depois de 14 anos de sofrimentos “decorrentes de um acidente vascular cerebral (AVC)”, segundo comunicado da associação.
“Como fundador dos Arautos do Evangelho, deixa um legado de santidade de vida a milhões de católicos vinculados à instituição nos cinco continentes”, dizem os Arautos do Evangelho em nota.
A associação celebrará uma missa hoje, com abertura da vigília exequial de monsenhor Clá Dias a partir das 14h (horário de Brasília). A celebração será transmitida ao vivo, por este link. Amanhã (2), também haverá outra missa às 17h que pode ser acompanhada neste link. A última missa de despedida do fundador do Arautos será celebrada no domingo, 3 de outubro, às 15h. A celebração poderá ser acompanhada neste link.
João Scognamiglio Clá Dias nasceu no dia 15 de agosto de 1939, em São Paulo. Em 7 de julho de 1956 conheceu Plínio Corrêa de Oliveira, fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) e, segundo os Arautos, “se tornou ardoroso discípulo e fiel intérprete” do pensamento e da obra dele. Em 1958, serviu o Exército Brasileiro e foi condecorado com a medalha Marechal Hermes, a mais distinta honraria militar no âmbito da formação. Cursou Direito na Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, e depois fez doutorado em Teologia e Direito Canônico. Fundou o Instituto Filosófico Aristotélico-Tomista e o Instituto Teológico São Tomás de Aquino, além da revista científica Lumen Veritatis e a revista de cultura católica Arautos do Evangelho.
Neste período, escreveu 27 obras, várias delas foram traduzidas em sete idiomas e algumas com tiragem superior a dois milhões de exemplares, como: “Fátima, aurora do terceiro milênio”; “Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens”; “São José, quem o conhece?”; “O inédito sobre os Evangelhos”; “Dona Lucilia” e “O dom de sabedoria na mente, vida e obra de Plinio Corrêa de Oliveira”. Ele também incentivou a construção de igrejas no Brasil e em outros países da América, Europa e África.
Em 1970, baseado nos anseios de Plínio, desejou constituir uma associação de caráter religioso, aprovada pela Igreja e a seu serviço. Fez uma experiência de vida comunitária em um antigo imóvel beneditino em São Paulo. Em 1995, depois da morte Plinio, criou três entidades de direito pontifício: a Associação Privada Internacional de Fiéis Arautos do Evangelho, aprovada em 2001 pelo papa são João Paulo II, a Sociedade Clerical de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli e a Sociedade Feminina de Vida Apostólica Regina Virginum, ambas aprovadas em 2009, pelo papa Bento XVI.
Além disso, fundou mais de 50 coros e orquestras e incentivou a edificação de quase 30 igrejas e oratórios no Brasil e em diversos continentes da América, Europa e África. Segundo os Arautos, João Clá Dias também dirigiu pessoalmente as instituições por ele fundadas, e atualmente, elas realizam suas atividades em mais de 70 países, com o auxílio de milhões de membros e seguidores, entre eles, sacerdotes, irmãos e irmãs associados, cooperadores ou participantes solidários. Ele ainda propagou a devoção a Nossa Senhora por meio de cerimônias de consagração a Nossa Senhora, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort, alcançando de modo remoto quase três milhões de fiéis, em 178 países. Também instituiu e incentivou a Adoração Perpétua ao Santíssimo Sacramento nas principais casas das instituições por ele fundadas.
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Em 15 de junho de 2005, foi ordenado padre aos 65 anos. Em 2008, foi nomeado protonotário apostólico e cônego honorário da basílica papal de Santa Maria Maior, em Roma, pelo papa Bento XVI. Em 15 de agosto de 2009, recebeu a medalha Pro Ecclesia et Pontice, pelo zelo em prol da Igreja e do papa. No mesmo ano, publicou um livro por ocasião do Ano Sacerdotal, escrito por solicitação do então prefeito da Congregação para o Clero, cardeal Cláudio Hummes. Em 2010, publicou o livro “A Igreja é imaculada e indefectível”, no qual denuncia as causas profundas dos abusos cometidos contra menores ou vulneráveis.
Em 2017, o monsenhor Clá Dias renunciou ao cargo de presidente da associação internacional Arautos do Evangelho, depois de denúncias à associação por meio de um vídeo, no qual mostra uma reunião entre o fundador do Arautos e um grupo de padres que leem um suposto diálogo que um padre da associação havia tido com um suposto demônio durante um “exorcismo”. Em 2019, a associação sofreu várias denúncias de que crianças e adolescentes em internatos do Arautos sofriam humilhações, tortura, assédio e estupro por membros da associação, dentro da sede do Arautos, em Caieiras (SP). Em 23 de julho de 2024, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) encerrou o processo, dando ganho de causa aos Arautos do Evangelho.
Na nota de morte do monsenhor, os Arautos relatam que, “desde 2017” a associação “têm sido alvo de falsas denúncias por parte de inimigos da Igreja e do bem” e que, “restabelecendo a verdade, monsenhor João atravessou incólume essas ondas de difamação, seja aceitando com benevolência retratações judiciais dos acusadores, seja amealhando inúmeras vitórias processuais, consignadas em sentenças e em arquivamento de inquéritos”.
“Assim, convictos de que as biografias dos varões providenciais não se encerram nesta terra, seus filhos espirituais continuarão sua obra sob a proteção de Maria Santíssima, a fim de cumprir a missão de ser um elo entre a Santa Igreja e a sociedade civil”, escreveu a associação em nota.
Pesar e solidariedade do cardeal Odilo Scherer
O arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, em nome de sua arquidiocese escreveu hoje (1º), uma nota de pesar pela morte do monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho. Expressando sua “solidariedade e conforto aos membros dos Arautos do Evangelho”.
Ele também disse que a arquidiocese de São Paulo “oferece suas orações e súplicas” por monsenhor João Clá Dias e “roga a Deus que o acolha e recompense na eternidade por seu testemunho de fé e seu serviço à missão da Igreja”