Uma diocese na China anunciou recentemente que fez uma excursão de “gratidão” aos “heróis” do Partido Comunista Chinês (PCCh).

A diocese de Yibin, na província de Sichuan, China, anunciou no início do mês passado que liderou todos os seus padres, freiras e “chefes de associações patrióticas de base” em uma “Excursão Vermelha para Expressar Gratidão ao Partido”.

A notícia da excursão foi divulgada logo depois da Santa Sé anunciar que renovaria seu acordo com a China sobre a nomeação de bispos no país por mais quatro anos.

A delegação de católicos chineses visitou vários locais memoriais associados à história do PCCh, como o salão memorial da revolta de 1º de agosto de Nanchang, o salão memorial dos mártires revolucionários de Jinggangshan, a casa da moeda do Exército Vermelho e o antigo local da conferência de Lushan.

O comunicado diz que, “ao ouvir a explicação dos feitos revolucionários no local, assistir a documentários educacionais patrióticos e oferecer coroas de flores para mártires revolucionários”, a delegação foi capaz de “aumentar ainda mais o reconhecimento da grande pátria, da nação chinesa, da cultura chinesa, do Partido Comunista da China (PCCh) e do socialismo com características chinesas”.

Um grupo liderado pelo bispo de Yibin, dom Luo Xuegang, também visitou várias igrejas católicas chinesas “para promover o processo de sinicização”. Dom Luo foi ordenado bispo na diocese de Yibin em novembro de 2011 com a bênção da Santa Sé.

Um bispo excomungado que foi ordenado sem a aprovação papal participou da missa de ordenação, apesar de ter recebido ordens para não fazer isso, em uma ação que destacou as tensas relações diplomáticas entre o governo chinês e a Santa Sé.

Nina Shea, pesquisadora sênior da organização conservadora Hudson Institute e diretora do Centro para a Liberdade Religiosa, disse à CNA, agência em inglês da EWTN News, que, embora Luo tenha sido nomeado bispo com a aprovação da Santa Sé, ele parece ter apoio do partido comunista.

“Desde o acordo China-Santa Sé, as autoridades chinesas estão pressionando todos os bispos a se juntarem à associação e pressionando aqueles dentro dela a mostrarem fervor pelo partido”, disse Shea à CNA. “Esse bispo está fazendo isso e está demonstrando sua adesão à campanha de sinicização do PCCh ao educar sua diocese sobre os valores e doutrinas do Partido Comunista. Esse é um dos exemplos mais extremos que já ouvi”.

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Depois dos recentes acordos diplomáticos, a Santa Sé notou várias violações de termos nos últimos anos, como a nomeação governamental de vários bispos sem a aprovação da Santa Sé, incluindo um em uma diocese não reconhecida pela Santa Sé.

Segundo Shea, a Igreja na China está passando por uma “transformação moldada pelo PCCh com a aceitação da Santa Sé”.

“Está se tornando um parceiro entusiasmado na Frente Unida, o departamento de propaganda do PCCh, que desde 2018 controla diretamente a Associação Patriótica”, disse Shea.

A Igreja na China está dividida entre a Associação Católica Patriótica Chinesa (CPCA, na sigla em inglês), um grupo administrado pelo Estado, e a Igreja clandestina, que é perseguida e cujas nomeações episcopais frequentemente não são reconhecidas pelas autoridades chinesas.

A diocese disse que na excursão também houve um diálogo adicional entre os bispos e padres “sobre a adesão à direção da sinicização e do ensino democrático”.

A diocese fez mais elogios ao evento, ao dizer: “Todos os membros acreditaram que essa Excursão Vermelha para Expressar Gratidão ao Partido' estava repleta de espírito revolucionário e herança cultural, e eles se beneficiaram muito”.

“Todos eles expressaram que em seu trabalho futuro, herdarão e levarão adiante a bela tradição de patriotismo e amor pela Igreja”, diz a declaração, “[e] vão aprimorar constantemente as 'cinco identificações', aderir firmemente à direção da sinicização do catolicismo em nosso país, ouvirão o partido, sentir-se-ão gratos ao partido, seguirão o partido e vão contribuir ativamente para o desenvolvimento econômico e social local com um estado de espírito mais elevado”.

A excursão parece ser uma continuação do objetivo do Partido Comunista Chinês de subordinar grupos religiosos sob controle do governo. Segundo um relatório da comissão dos EUA sobre liberdade religiosa internacional no início do mês passado, autoridades chinesas ordenaram a remoção de cruzes de igrejas e que imagens de Cristo e Nossa Senhora fossem substituídas por fotos do presidente Xi Jinping.