6 de nov de 2024 às 16:26
O arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo, cardeal Fridolin Ambongo, presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e de Madagascar (SECAM, na sigla em inglês), levantou questões sobre a “beatificação precipitada” do rei Balduíno da Bélgica.
Dom Ambongo, que falava em uma entrevista coletiva em Roma dias antes da conclusão do Sínodo da Sinodalidade, ponderou sobre o anúncio surpresa do papa Francisco, feito em 29 de setembro a milhares de participantes em missa no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, capital da Bélgica, de que ao retornar a Roma, abriria o processo de beatificação do Rei Balduíno.
Em meio a aplausos dos participantes, o papa chamou o rei católico que escolheu abdicar temporariamente do trono em vez de assinar uma lei que legalizava o aborto no país de um homem de fé que serve de exemplo para os líderes atuais.
O papa Francisco também pediu à Conferência Episcopal Belga que “se comprometa” a promover a causa de canonização de Balduíno.
Em entrevista coletiva em Roma em 22 de outubro, dom Ambongo disse que, embora os pronunciamentos do papa Francisco estejam conforme "o desejo da Igreja na Bélgica", o rei católico da Bélgica teria sido associado à morte do primeiro-ministro da República Democrática do Congo, Patrice Lumumba, em 1961.
“Ainda há esse arquivo, que podemos chamar de ponto escuro”, disse o cardeal, no que foi descrito como levantar “uma bandeira vermelha” sobre o anúncio que o papa fez em sua visita pastoral à Bélgica em setembro.
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O cardeal falou sobre a necessidade de “buscar no passado para ver o que há lá” e disse que, sobre o rei belga, que morreu em 1993, “não conhecemos os meandros de sua vida”.
Dom Ambongo, no entanto, disse ser aberto à beatificação do rei Balduíno “se seu caso evoluir bem”.
“Para nós, ele [Balduíno] é um político que foi corajoso no contexto da Bélgica; ele foi muito corajoso. Dizemos que ele foi quem deu a independência ao Congo”, disse dom Ambongo.
“Se o caso seguir na direção que algumas pessoas querem, para apresentá-lo para beatificação, estamos abertos a isso”, disse o cardeal.
O reinado de mais de 40 anos do Rei Balduíno, de 1951 a 1993, foi marcado por intensa agitação social, política e religiosa na Bélgica e ao redor do mundo. Apesar de todas essas mudanças, Balduíno teria cumprido seus deveres com completa devoção ao seu país e à sua fé católica, ao servir como um dos poucos fatores unificadores na Bélgica pelos quais ele era amado por seu povo.