O papa Francisco anunciou no sábado (9) que santo Isaac de Nínive, bispo assírio do século VII venerado em várias tradições cristãs, será adicionado ao martirológio romano.

O papa fez o anúncio por ocasião de um encontro no Vaticano com o patriarca católico da Igreja Assíria do Oriente, Mar Awa III.

O encontro do sábado (9) comemorou dois marcos: quase 30 anos desde que a declaração cristológica comum entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Assíria do Oriente foi assinada, encerrando uma disputa doutrinária de 1, 5 mil anos, e 40 anos desde o primeiro encontro histórico entre um papa e um patriarca assírio.

Ao citar a declaração Unitatis Redintegratio do concílio Vaticano II, o papa disse que ambas as Igrejas têm "a mesma fé, transmitida pelos apóstolos", mesmo que ela seja expressa de forma diferente.

Francisco falou sobre conquistas recentes no diálogo católico-assírio, como o acordo de 2001 sobre a Anáfora de Addai e Mari, uma antiga oração eucarística reconhecida por suas raízes apostólicas, e a declaração conjunta de 2017 sobre a vida sacramental.

Um documento de 2022 intitulado "As imagens da Igreja nas tradições patrística siríaca e latina" estabeleceu novas bases para o entendimento mútuo.

"O diálogo teológico é indispensável em nosso caminho rumo à unidade", disse Francisco. "A unidade pela qual almejamos é a unidade na fé", disse também o papa, ao sublinhar que esse diálogo deve ser fundamentado na verdade e na caridade.

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A decisão do papa Francisco de adicionar santo Isaac ao martirológio segue uma recomendação do recente Sínodo da Sinodalidade de reconhecer santos de outras tradições cristãs no calendário litúrgico da Igreja.

Ao falar sobre a situação dos cristãos do Oriente Médio, o papa Francisco rezou por seu testemunho contínuo em uma região marcada por conflitos.

"Por intercessão de Santo Isaac de Nínive, unida à da Bem-Aventurada Virgem Maria, mãe de Cristo, nosso Deus e Salvador, que os cristãos do Oriente Médio sempre testemunhem o Cristo ressuscitado naquelas terras dilaceradas pela guerra", disse o papa.

Santo Isaac de Nínive, também conhecido como Isaac, o Sírio, foi um reverenciado místico cristão, monge e bispo. Ele foi celebrado por seus escritos profundos sobre ascetismo, compaixão e vida espiritual interior e influenciou profundamente a espiritualidade cristã nas tradições orientais e ocidentais.

Francisco encerrou o encontro com um convite a todos os presentes a rezar o Pai Nosso em suas próprias línguas e tradições, ao ressaltar a herança espiritual que une essas antigas Igrejas.

Adicionar santo Isaac de Nínive ao martirológio da Igreja, disse o papa, é um lembrete das raízes comuns e da fé de ambas as Igrejas, que resistiram a séculos de separação.