12 de nov de 2024 às 13:00
O arcebispo do ordinariado militar dos EUA, dom Timothy Broglio, disse que a preocupação com a dignidade humana e a economia são possíveis razões pelas quais a maioria dos católicos no país votou no presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Dom Timothy Broglio, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB), falou sobre as eleições presidenciais nos EUA deste ano no programa “The World Over with Raymond Arroyo”, da EWTN, em 7 de novembro, na qual a maioria dos católicos no país - 56% segundo algumas pesquisas de boca de urna - votou em Trump.
"Eu acho que certamente nossa preocupação proeminente com a dignidade da pessoa humana é algo que teria influenciado esses eleitores", disse o arcebispo ao jornalista Raymond Arroyo, da EWTN.
"Acho que também as pessoas estão incertas sobre a economia. Acho que seria outro fator. Acho que também em um sentido muito real, os católicos viram o que o primeiro governo Trump fez para apoiar a vida humana. Acho que talvez isso certamente seja um fator que influencia também", disse dom Broglio.
Dom Broglio disse também que a campanha da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, candidata pelo Partido Democrata, "não tinha espaço para qualquer liberdade de consciência" em relação à questão do aborto.
"Além disso, em um sentido muito real, a vice-presidente Harris fez do direito ao aborto quase a questão central da campanha", disse o arcebispo. "Acho que isso seria muito dissuasor para muitos, muitos católicos".
Respondendo sobre quais seriam as prioridades da USCCB em um governo Trump, dom Broglio disse que suas prioridades "realmente permanecem inalteradas".
"Há, é claro, a preocupação com a dignidade da pessoa humana desde o momento da concepção até a morte natural: essa continua sendo uma preocupação preeminente dos bispos", disse o arcebispo.
Dom Broglio falou também sobre "uma tremenda preocupação" com os pobres e sem-teto do país.
"Somos uma nação muito afortunada e temos muitas, muitas vantagens. No entanto, às vezes, em nossas grandes cidades, vemos um grande número de sem-teto", disse o arcebispo.
"Sabemos que há outras pessoas que têm dificuldade em sobreviver no final de cada mês. Queremos estar atentos para segui-los e tentar ajudá-los, certamente por meio de atividades de caridade, mas também talvez tentando encontrar soluções para os problemas básicos que mantêm as pessoas na pobreza”, disse dom Broglio.
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A migração também é uma questão-chave para o arcebispo e a USCCB – tanto na própria fronteira dos EUA quanto no exterior.
"Uma terceira preocupação seria tentar reformar a política de migração ou a lei de migração neste país para que a migração possa ser ordenada, legal e que parte da agitação que experimentamos na fronteira possa ser resolvida", disse dom Broglio.
Junto com essa preocupação está "o papel que os Estados Unidos desempenham internacionalmente", disse o arcebispo.
"Devemos ser capazes de tentar resolver algumas das questões que forçam as pessoas a considerar deixar suas terras natais para ir para outro lugar", disse dom Broglio. "Se pudéssemos ajudar a resolver alguns desses problemas e questões, isso poderia ser outra maneira de diminuir a tensão nas fronteiras".
Respondendo sobre o apoio de Trump a um mandato de fertilização in vitro (FIV), o arcebispo disse que essa tecnologia reprodutiva é contrária à doutrina da Igreja.
"Tentaremos continuar a reiterar o que a Igreja ensina – que o feto no útero tem o direito de viver, tem o direito de nascer e que a concepção deve ser o resultado da união natural entre marido e mulher – e, portanto, a fertilização in vitro realmente não é uma solução", disse dom Broglio.
O Catecismo da Igreja Católica (número 2377) diz que a FIV é “moralmente inaceitável” porque separa o ato conjugal da procriação e estabelece “o domínio da técnica” sobre a vida humana.
Trump propôs, no início do ano, que o governo dos EUA pagasse pelos serviços de fertilização in vitro. Ele também voltou atrás em sua postura pró-vida, ao prometer vetar uma proteção nacional para os nascituros.
Trump disse a Arroyo no mês passado que é aberto a isenções religiosas para um mandato de fertilização in vitro, ao dizer: “Me parece uma boa ideia”.
"Tentaremos continuar a apresentar essa doutrina na esperança de encontrar alguns ouvidos receptivos na nova administração", disse dom Broglio.