O governo da Nicarágua impede que padres entrem nos hospitais do país para dar a unção dos enfermos a quem precisa, segundo a advogada Martha Patricia Molina, autora do relatório Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?

Cerca de dez padres de diferentes dioceses confirmaram a situação a Molina, que, no entanto, disse à EWTN News que alguns outros padres estão autorizados a entrar nos hospitais.

“Mas esses são padres relacionados de alguma forma com a ditadura, às vezes eles têm possibilidade de entrar em hospitais, mas isso não é generalizado”, disse ela.

O governo do presidente Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma mais de 30 anos no poder, persegue a Igreja de forma crescente desde 2018, quando a Igreja apoiou os protestos populares contra o governo do país.

A advogada disse que até este ano o regime sandinista permitia a entrada de padres nos centros de saúde. A proibição foi imposta sem qualquer justificativa e a perseguição torna-se mais acirrada quando os padres tentam entrar com as suas roupas clericais, razão pela qual muitos escolhem tentar entrar com roupas seculares.

Molina disse que o problema é ainda mais grave no interior do país, “onde os padres são mais reconhecidos porque são cidades muito pequenas”.

“Então as autoridades, os médicos que estão nos hospitais ou as pessoas que guardam as portas para entrar já os conhecem e proíbem sua entrada mais rapidamente”, disse a advogada.

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“Em outras partes, por exemplo na capital, as pessoas que guardam as entradas dos hospitais não reconhecem todo o clero da arquidiocese de Manágua, então lá eles têm maior oportunidade de entrar, mas não vestidos de padres, mas pelo contrário, entram como leigos para dar a unção dos enfermos às pessoas que estão prestes a morrer”, disse Molina.

Prefeito desrespeita a santa missa

No domingo (10), o bispo de Jinotega, Nicarágua, dom Carlos Enrique Herrera, presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, antes de celebrar a missa dominical, acusou o prefeito de Jinotega, Leónidas Centeno, simpatizante do regime, que interrompeu a missa com música alta na frente da catedral.

“Irmãos, antes de iniciar esta Eucaristia pedimos perdão ao Senhor pelas nossas faltas e também por aqueles que não respeitam o culto. Isso é um sacrilégio, o que o prefeito e todas as autoridades municipais estão fazendo, e vou dizer a eles, porque eles sabem o horário da missa e nós também apoiamos porque depois da missa vamos nos ver lá, por isso estamos todos falhando com Deus. É por isso que pedimos perdão a Deus para eles e para nós”, disse dom Herrera. A missa foi transmitida ao vivo pela página da diocese no Facebook.

Molina também falou sobre isso, através da sua conta na rede social X, ao falar sobre Centeno como um paramilitar que sofre sanções do Departamento do Tesouro dos EUA.

“Sacrílego, não permite que os cristãos ouçam a celebração eucarística. Ele é um criminoso que não tem limites e cujos crimes ficaram impunes. #iglesiaperseguidani #SOSNicaragua”, escreveu a advogada.